O presidente Paulo Azeredo [pediu] que não fizessem tocar
o disco, pois o Botafogo, por seus homens mais representativos, entende que a
marcha de Lamartine Babo não exalta na medida ideal as glórias alvinegras. […]
O tal “hino” […] fora
lançado por Lamartine Babo, Yara Salles e Héber de Boscoli […] num show
de homenagem ao Flamengo. […]
Acontece que o Hino do Botafogo era outro, criação dos
botafoguenses Eduardo Souto (música) – o maior compositor popular de sua
geração – e Octacílio Gomes (letra). No ano de 1921, um grupo de apaixonadas
torcedoras quis presentear o Botafogo com uma rica bandeira de seda. […] Em 29 de junho, General Severiano lotou. A
jovem Lygia Raposo Murtinho conduziu o pavilhão. […] Uma comissão de
alunos do Colégio Botafogo formou a Guarda de Honra para o ato de hasteamento.
Nesse momento, o “GLORIOSO” fez sua estreia oficial, executado por coro de
sócios e banda militar regidos por Eduardo Souto. […]
Em 12 de Julho a imprensa já anunciava a venda do disco,
na Casa Carlos Gomes – Instrumentos de Música, […] de Eduardo Souto.
A primeira audição do “GLORIOSO”, fora do Botafogo,
ocorreu no Trianon (Rua Treze de Maio), centro das atividades artísticas da
capital. […] Os ingressos
esgotaram. […] A interpretação do “GLORIOSO” coube à atriz Abigail Maia
(botafoguense). […]
O “GLORIOSO” era cantado em todas as ocasiões: jogos,
bailes, solenidades, etc. No carnaval de 1922, no salão de Wenceslau Braz, com
a massa em polvorosa, foi ele que encerrou o concurso de fantasias. Entretanto,
em 1950, a marcha de Lamartine Babo foi gravada em disco, cai do rapidamente no
gosto do público mais jovem com a ajuda poderosa da Rádio. O Botafogo reagiu.”
Carlos Vilarinho continua a
contar a história dos hinos e os seus desfechos. Para quem não conhece, aqui
fica o Hino Oficial do Botafogo:
Botafogo Gentil!
Pura Glória do esporte brasileiro
A expressão mais viril
Da energia e do brio verdadeiro!
A lutar com afã
Tu farás, corrigindo a juventude,
Que o Brasil de amanhã
Seja a pátria da força e da saúde
Teu futuro e teu passado
Defendidos sem repouso
Façam sempre respeitado
Esse teu nome glorioso!
O alvinegro pendão,
O caminho a apontar-nos da vitória
Do Cruzeiro o clarão
As estrelas traduzam a nossa glória!
Não te falte jamais
Da ousadia a nobreza e o puro fogo
Que o primeiro, entre os mais,
Há-de ser ó glorioso Botafogo
(estribilho: Teu futuro e...)
Autores: Octacílio Gomes (letra) e
Eduardo Souto (música)
[O livro pode ser adquirido nas
melhores livrarias do Rio de Janeiro e a partir do sítio www.ofuteboldobotafogo.com]
Excerto autorizado pelo autor. In: VILARINHO, C. F.
(2013). O Futebol do Botafogo 1951-60. Rio de Janeiro: Edição do Autor, pp. 165-166.
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