O que mais me espanta

O meu querido amigo Gil Gomes narrou-me o essencial de um artigo publicado no Vestiário Alvinegro (VA), sob o título ‘O Retrato Fiel da Incompetência’ e os subtítulos ‘Os atos de uma administração’ e ‘Quatro meses jogados no ralo.

O que narra esse artigo? Realço o essencial.

Erros e mais erros cometidos pelo presidente. Erros financeiros graves que desembocaram na saída do ato trabalhista e não pagamento de jogadores e demais funcionários.

Erros no futebol com contratações descabidas: Alex e Anderson, Mario Risso e Ronny, e eu próprio acrescento à análise do VA a contratação de Hygor, genro de Eduardo Húngaro, logo que este assumiu o time principal, tendo sido imediatamente emprestado, e de Rodrigo Souto, irmão do gerente das categorias de base. Além, evidentemente, dos desmanches sistematicamente realizados no plantel. Nenhum tem jogado no Botafogo. O Ronny, por exemplo, foi contratado para abater a dívida a um empresário… E, acrescento, se olharmos para trás, veja-se a quantos jogadores o Botafogo ainda está a pagar na sua folha salarial sem que contribuam para coisa nenhuma.

Administrativamente, um desastre. O presidente empregou os seus amigos do futebol de praia. Sem experiência ou capacidade estão, entre eles, Ney Souto (gerente das categorias de base), Sidney Loureiro (profissional), Ayrton Mandarino (comercial), ‘Johnny’ que entrou como supervisor técnico das categorias de base e hoje é o responsável pelo setor de Relações e Contratos, Bernard Shaw é o administrador do Estádio Caio Martins, que se encontra completamente degradado. Eu acrescento à análise do VA os sucessivos erros protagonizados no passado por Anderson Barros e o ainda presente nas estruturas administrativas André Silva.

O planejamento para o Carioca e a Copa Libertadores da América redundou num enorme fracasso; no Cariocão o time ficou na pior colocação da história; na Libertadores fez a pior campanha de sempre. A escolha de Eduardo Húngaro foi, à vista de todos, um erro colossal.

A administração é amadora e repete erros do passado. Adiantamento de cotas da TV e de patrocinadores e promessa de redução da folha salarial: pois bem, não reduziu nem pagou aos atletas. Gente que ganha salário sem produzir coisa alguma durante anos e sem ser cobrada. A dívida do clube cresceu exponencial e assustadoramente. O clube não rebateu a denúncia do jornal Extra sobre o ato trabalhista, não paga os impostos federais e jamais questionou a interdição do Engenhão.

NOTAS do Mundo Botafogo:

Todas as situações narradas foram denunciadas pelo Mundo Botafogo desde o ano de 2009, quando não ficou claro para ninguém a razão de dirigentes do Botafogo almoçarem com dirigentes do flamengo numa sexta-feira a dois dias da decisão da Taça Rio, que em caso de vitória nossa nos daria diretamente o título de campeões cariocas e não haveria mais decisões. Nem haveria duas bilheteiras que se esperavam 'gordas'. Nessa decisão, que jamais me esquecerei, a perda da Taça Rio de 2009 para os cathartiformes ocorreu através de um portentoso gol contra de Émerson num bico direto à nossa baliza a dois metros dela... E que provavelmente o segundo gol contra de Émerson no primeiro jogo da posterior decisão do Campeonato Carioca desse ano também é muitíssimo estranho. Fez dois gols contra nas decisões e sumiu-se… Poderia esta administração ter evoluído depois disso, mas não. Na verdade piorou, piorou muito, e só as receitas do Engenhão tapavam o buraco que se estava a criar. Ido o Engenhão, também por culpa desta administração omissa, que geriu muito mais para si do que para o clube, ficou completamente a descoberto que esta administração era um logro. Por isso, nos últimos anos, as críticas do Mundo Botafogo aumentaram, aprofundaram-se e realçaram toda a incompetência administrativa, financeira, económica e técnica da diretoria. Em vão.

Nenhuma dessas críticas me espanta.

O que mais me espanta é que somente agora, depois das portas arrombadas, é que surjam em catadupa os artigos de absoluto isolamento da diretoria, quando sempre nos foi dado ler as loas que os colunistas teciam à diretoria do Botafogo.

O que mais me espanta é a enorme fatia de torcedores néscios que teciam loas a uma administração que estava a levar-nos para o buraco e que chamavam corneteiros, sem distinção, aos que estão contra qualquer coisa e àqueles que criticavam construtivamente a diretoria a fim de se evitar que os erros se sucedessem, como é o caso dos alertas sucessivos do Mundo Botafogo.

O que mais me espanta é que depois do desastre do Cariocão e da Libertadores, nas duas piores campanhas de sempre em ambas as competições, uns sacrifiquem apenas e exclusivamente Assumpção pelo erro colossal chamado Eduardo Húngaro, e outros tenham desaparecido completamente das redes sociais até hoje, tal e qual os flamenguistas somem quando o seu clube não é ajudado pelas arbitragens e inexoravelmente perde – isto é, os lambe-botas, os puxa-sacos, os omissos e os submissos. O Botafogo não precisa de torcedores acéfalos, mas de torcedores como Tolito ou Tarzan que discutiam as políticas do Botafogo e cobravam a sua diretoria pelos resultados.

O que mais me espanta é sentir que apesar de o Mundo Botafogo ter lutado estes anos todos para mostrar a verdadeira face da incompetência desta diretoria, tenha sido necessário levar o clube à exaustão administrativa, financeira e técnica para que todos vissem quem era Maurício Assumpção e a sua ‘turma da praia’. Uma vez mais a humanidade mostra como aprende mal: é preciso que a casa seja assaltada para que sejam colocados cadeados nas portas.

O que mais me espanta é ler que a diretoria está politicamente isolada dentro do clube, quando foram os agora ‘isoladores’ que apoiaram sucessivamente, em Conselhos Deliberativos e outros órgãos, a política que nos afundou e que agora como ratos saem do navio em afundamento e bradam aos quatro ventos a incompetência da diretoria que durante cinco anos apoiaram ostensivamente.

O que mais me espanta é que depois disso tudo, Carlos Augusto Montenegro, primeiro responsável pela indicação do torcedor de arquibancada Maurício Assumpção para presidência do clube em 2009, venha propor, com a maior cara de pau do mundo, outro torcedor de bancada, com grandes possibilidades de chegar para o fecho definitivo das portas de General Severiano ao futuro.

Lamento imenso que o Mundo Botafogo tenha tido sempre razão e que se tenha exaurido durante todos estes anos por entre as justas críticas que fez e que não tiveram acolhimento por quem de direito, assim como pelas sucessivas propostas de modalidades de gestão que jamais foram ouvidas.

O futuro está ‘acolá’, mas nós permaneceremos ‘aqui’ com o perfil de candidatos à presidência do Glorioso. Os do futuro dirão sobre os botafoguenses: “eles estão além”.

E uma vez mais o Mundo Botafogo não será ouvido: nem ontem, nem hoje, nem amanhã. Porque valores mais altos se levantam… A diferença é que o Mundo Botafogo ama profundamente o seu clube e tem prestado serviço público voluntário diariamente há 7 anos sem interrupção.