sábado, 30 de novembro de 2013

NEÍSA, AÍ ESTÁ A IMAGEM QUE ME PEDIU


Uma estrela é uma estrela, para sempre


Luís Pimentel é autor e Carlos Amorim ilustrador de seis livros de “Piadas de Sacanear…” – Botafoguense, Corintiano, Flamenguista, Palmeirense, Tricolor e Vascaíno

Voz de Leonardo Jardim

O Sporting não é candidato ao título porque não preparou uma estrutura de futebol para ser candidato, mas isto não inviabiliza a nossa ambição ou o nosso querer de estar nos primeiros lugares.” – Leonardo Jardim, treinador do Sporting, após a vitória sobre o Guimarães e a um ponto da liderança.

Comentário do Mundo Botafogo: Aí está um treinador à medida do que eu gosto. O Sporting vem de um 7º lugar em 2012/2013 e naturalmente que não pode aspirar a disputar o título português porque não se preparou para isso no ano anterior nem investiu milhões nesta temporada, pelo contrário. Mas com a mesma tranquilidade que o treinador anuncia, desde a 1ª rodada, que não é candidato ao título, também não nega a ambição de querer estar entre os primeiros. Quer dizer: este ano o homem vai preparar uma equipa para a temporada seguinte e, no fundo, no fundo, há uma fresta de porta entreaberta ao que ainda vier. Porém, nada de exaltações porque o time precisa de tranquilidade para pensar jogo após jogo. Em 10 rodadas fez 23 pontos, contra apenas 11 pontos feitos no ano passado à 10ª rodada, e está a 1 ponto do líder, isto é, em 1/3 do campeonato. Se Leonardo Jardim não foi brilhante, foi quase brilhante…

Fragmentos 'jogos memoráveis do botafogo': a maior goleada do Brasil [3]

“Botafogo Football Club 24x0 Sport Club Mangueira. A maior goleada brasileira de todos os tempos. Todo o mundo sabe isso. Mas nem todo o mundo conhece pormenores interessantes como os narrados por Auriel de Almeida:

“O resultado foi tão inexplicável que, como acontece aos grandes feitos, várias lendas urbanas surgiram em seu torno nesse mais de um século.

Na mais famosa, o goleiro Luiz Guimarães, do Mangueira, teria jogado com uma enorme poça de lama à sua frente e não se quis atirar nas bolas chutadas para não sujar o uniforme. Não há nenhuma menção dos jornais da época a tal história. (…) O goleiro, inclusive, mereceu elogios dos cronistas desportivos (…) que foi (…) o melhor mangueirense em campo. (…)

Em outra, o time do Mangueira estaria tão desfalcado que jogou com uma equipe formada por diretores e funcionários do clube. Outro mito facilmente derrubado. (…) Tanto o rubro-negro da Tijuca tinha jogadores o suficiente à disposição que disputou até mesmo a preliminar dos segundos quadros.

Há ainda os que simplesmente menosprezam o Mangueira, que pela surra que tomou ganhou o status folclórico de “pior time da história do Rio de Janeiro”, o que é injusto. (…) O Mangueira disputou 232 jogos, tendo vencido 61, empatado 23 e perdido 148, o que (…) é totalmente condizente com o de qualquer clube considerado pequeno no Rio e bem acima de inúmeras equipes.”

Excerto autorizado pelo autor. In: ALMEIDA, A. (2012). Jogos Memoráveis do Botafogo. Rio de Janeiro: ed. iVentura, pp. 20-21 (à venda nas livrarias Travessa e Saraiva ou no portal www.iventura.com.br)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Vozes de torcedores

VASCO – CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL 2011
FLUMINENSE – CAMPEÃO BRASILEIRO EM 2012
FLAMENGO – CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL EM 2013
BOTAFOGO – ATÉ QUANDO ???????????????????”
Edson Reis, no Facebook

Confesso que não estou preocupado, porque li no mesmo Facebook a grande profecia de outro torcedor botafoguense para 2014:

2014 O ano do Botafogo, vamos ganhar tudo, Botafogo campeão carioca de 2014, Botafogo campeão Brasileiro de 2014, Botafogo campeão da copa do Brasil de 2014, Botafogo campeão da libertadores de 2014 vamos que vamos... Balanço de 2013: Esse ganhamos o Campeonato carioca de 2013, Brasileiro de 2013, até o 1 turno lutamos pelo titulo, no 2 turno caímos para 11 lugar, Copa do Brasil de 2013 chegamos perto… É a luta no g-4 continua….”

Torcedor botafoguense no Facebook.

Bate papo com Nilton Santos


Obrigado pela dica, Thiago

Um dia de 1941…


16 de Março de 1941. Botafogo x Combinado España-Astúrias. Excursão do Botafogo ao México. A campanha ‘mexicana’, antes de o Botafogo rumar aos Estados Unidos da América, foi a seguinte: 1x1 Estudiantes de La Plata; 7x4 España; 3x2 Jalisco; 2x0 Seleção Mexicana; 3x3 Atlante; e, finalmente, 5x3 Combinado España-Astúrias.

 

Alceu Mendes de Oliveira Castro narra assim a extraordinária excursão:

 

“A imprensa mexicana, embora elogiando altamente o nosso quadro, para cada novo compromisso, esperava a queda do Botafogo, mas não foi ainda a 9 de Março, quando enfrentando o quadro campeão do Atlante, o Glorioso, depois de estar a perder por 3x1, em eletrizante ‘virada’, empatou a pugna. (…)

 

A 19 de março, o Botafogo encerrou invictamente sua ampla campanha no México, abatendo brilhantemente o Combinado España-Asturias por 5x3, em match violento e agitadíssimo, no qual foram expulsos Zezé Moreira, injustamente, e Nariz, que perdendo a serenidade, agrediu o parcial juiz mexicano. Carvalho Leite, o veterano e glorioso center, scorer da temporada, marcou três pontos e os jovens Geninho e Heleno completaram a contagem.

 

Após o término do desafio, os jogadores botafoguenses e os brasileiros residentes no México reuniram-se e entoaram o Hino Nacional.”

 

Nesta excursão ter-se-á iniciado verdadeiramente a Era Heleno, que viria a ser marcada por acontecimentos fora do comum.

 

A equipa alinhou com Aymoré, G. Bell e Nariz; Laxixa (Zezé), Procópio e Zarcy; Tadique, Heleno de Freitas, Carvalho Leite, Geninho (Sardinha) e Pirica.


Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo); Fontes: Alceu Mendes de Oliveira Castro (1951): O Futebol no Botafogo (1904-1950), Gráfica Milone; Imagem: Montagem de Iram Santos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Voz de Joel Santana

O Botafogo não é uma estrela solitária, é uma constelação.” – Joel Santana, a 4 de dezembro de 1996, entre juras de amor, quando assumiu o Botafogo para ser campeão no ano seguinte.

Homenagem ao Campeão Carioca de 1957

Letra e música de Delfim Jardim Aleixo

Botafogo, Botafogo
Campeão do Rio de Janeiro
Botafogo, Botafogo
É a glória do esporte brasileiro
És o clube do meu coração
Sempre foste vitorioso
O teu nome é uma tradição
Meu querido glorioso
Tanto faz na terra
Tanto faz no mar
Tua estrela solitária é brilhante
Tu és uma família exemplar
E na luta um verdadeiro gigante

Nilton Santos foi protagonista do título de 1957. Entre outras incursões ao ataque, foi ele que fez o extraordinário lançamento para Paulinho Valentim marcar de bicicleta um dos cinco gols que ‘presentearam’ o Fluminense naquela tarde Gloriosa. No dia da partida de Nilton Santos, a letra de Delfim Jardim Aleixo é um hino de alegria que se lhe adapta bem – porque é muito difícil isolar Nilton Santos do Botafogo e vice-versa. Desejo que a sua energia se funda com outras energias positivas e poderosas do Universo. Abraçamo-nos pessoalmente em 2009. Estou lhe enviando um último abraço até à eternidade.

Imagem: Flâmula da coleção de Claudio Falcão.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Obrigado por tudo, Nilton Santos!


Nilton Santos, o atleta que só vestiu a camisa do Botafogo e da Seleção Brasileira, deixa-nos tristes na hora da partida. Porém, Nilton Santos deixa-nos também um formidável legado que ao longo da sua vida intensamente vivida foi de enorme alegria para todos nós. Que descanse em paz.

Nilton Santos nasceu a 16 de Maio de 1925, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, filho de Pedro Luiz dos Santos e Josélia Costa dos Santos, e faleceu no Rio de Janeiro a 27 de novembro de 2013 com 88 anos.

Nilton Santos, designado por ‘Enciclopédia’, tal era o seu saber futebolístico, foi o maior exemplo de identificação de um craque com um clube de futebol brasileiro – o Botafogo de Futebol e Regatas.

Nilton vestiu a camisa do Glorioso por mais de 16 anos (1948-1964). O craque treinou pela primeira vez como atacante e foi mandado para a defesa pelo lendário dirigente Carlito Rocha. Foi aí que se tornou o maior lateral-esquerdo da história do futebol e em 1998 foi eleito para a equipa do século por jornalistas do mundo inteiro.

A ‘Enciclopédia’ estreou em 21 de Março de 1948 na derrota de 2x1 para o América (MG) e encerrou a carreira a 16 de Dezembro de 1964 na vitória de 1x0 sobre o Bahia. Foi campeão do Rio de Janeiro em 1948, 1957, 1961 e 1962 e do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964, realizando 726 partidas (incluindo 3 em Torneio Início e 2 pelos aspirantes, em 1948) e fazendo 11 gols no Botafogo.

No escrete canarinho fez 82 partidas e 3 gols; estreando em 17 de Abril de 1949 na vitória de 5x0 sobre a Colômbia, despedindo-se na final da Copa de1962, em Santiago, com a vitória de 3x1 sobre a Checoslováquia. Nilton esteve presente nas Copas de 1950, 1954, 1958 e 1962, sendo bicampeão mundial nas duas últimas.

Os títulos pelo Botafogo: Campeonato Carioca (1948, 1957, 1961 e 1962), Torneio Rio-São Paulo (1962 e 1964), Torneio Triangular de Porto Alegre (1951), Torneio Municipal do Rio de Janeiro (1951), Torneio Quadrangular de Bogotá (1960), Torneio Internacional da Costa Rica (1961), Torneio Pentagonal do México (1962), Torneio de Paris (1963), Torneio Governador Magalhães Pinto (1964), Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol – La Paz (1964) e Torneio Quadrangular do Suriname (1964).

Estreia:

BOTAFOGO 1x2 AMÉRICA (MG)
Data: 21/03/1948
Local: General Severiano (Rio de Janeiro)
Competição: Amistoso
Botafogo: Osvaldo Baliza, Marinho e Sarno; Nílton Santos (Nílton Senra), Ávila e Juvenal; Nerino (Rosinha), Geninho, Pirillo, Octávio (Darci) e Demósthenes (Reynaldo). Gol: Didi (contra).

Obs: Sarno foi expulso.

Primeira vitória:

BOTAFOGO 3x2 BOLÍVAR (BOL)
Data 04/04/1948
Local: La Paz (Bolívia)
Competição Amistoso
Botafogo: Osvaldo Baliza, Fedato e Sarno; Marinho, Ávila e Juvenal (Nílton Santos); Rosinha (Calvete), Geninho, Pirillo (Zezinho), Octávio (Oswaldinho) e Demósthenes (Darci). Gols: Oswaldinho (2) e Octávio.

Primeiro gol:

BOTAFOGO 1x0 AMÉRICA
Data: 19/09/1948
Local: General Severiano (Rio de Janeiro)
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Nílton Santos
Botafogo: Osvaldo Baliza, Marinho e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha.
América: Vicente, Alcides e Joel; Mílton, Spíndola e Amaro; Alcides II, Maneco, Maxwell, César e Esquerdinha.

Outros jogos importantes pelo Botafogo:

BOTAFOGO 5x2 FLUMINENSE
Data: 01/08/1948
Local: Laranjeiras (Rio de Janeiro)
Árbitro: Arthur Ford - 'Rei do Pênalti'
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Pirillo, Braguinha e Octávio (pen.) (Botafogo) no 1ºT; Pirillo (2) (Botafogo) e Rodrigues (pen.) e Orlando Pingo de Ouro (Fluminense) no 2ºT
Botafogo Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha. Técnico: Zezé Moreira.
Fluminense: Castilho, Pé-de-Valsa e Hélvio; Índio, Mirim e Bigode; Cento e Nove, Simões, Careca, Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Técnico: Ondino Viera.

Obs: Osvaldo Baliza defendeu dois pênaltis cobrados por Rodrigues e Careca.

BOTAFOGO 5x3 FLAMENGO
Data: 28/11/1948
Local: General Severiano (Rio de Janeiro)
Árbitro: Dewine
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Ávila, Octávio, Braguinha, Pirillo e Paraguaio (Botafogo); Gringo (2) e Durval (Flamengo)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha.
Flamengo: Luís, Newton e Norival; Biguá, Bria e Jayme; Luisinho, Zizinho, Gringo, Jair e Durval.

BOTAFOGO 3x1 VASCO DA GAMA
Data: 12/12/1948
Local: General Severiano (Rio de Janeiro)
Competição: Campeonato Carioca (Botafogo campeão)
Público: 20.000 (estimado)
Árbitro: Mário Vianna
Gols: Paraguaio, Braguinha e Octávio (Botafogo); Ávila (contra) (Vasco da Gama)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha. Técnico: Zezé Moreira.
Vasco: Barbosa, Augusto e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Friaça, Ademir Menezes, Dimas, Ipojucan e Chico. Técnico: Flávio Costa.

BOTAFOGO 6x2 INTERNACIONAL (RS)
Data: 19/12/1948
Local: General Severiano
Árbitro: Mário Vianna
Competição: Amistoso (entrega de faixas de campeão carioca 1948)
Gols: Oswaldinho (3), Octávio, Juvenal e Paraguaio (Botafogo); Vilalba e Adãozinho (Internacional)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson (Marinho) e Nílton Santos (Sarno); Rubinho (Ivan), Ávila (Berascochéa) e Juvenal (Adão); Paraguaio, Geninho, Oswaldinho, Octávio e Braguinha (Reynaldo).
Internacional: Ivo, Nena e Maravilha; Alfeu (Segura), Viana e Abigail; Tesourinha, Ghizoni, Adãozinho, Vilalba (Roberto) e Carlitos.

BOTAFOGO 5x1 SANTOS (SP)
Data: 17/01/1949
Local: Pacaembu
Árbitro: Alberto da Gama Malcher
Competição: Amistoso
Gols: Nílton Santos (2), Octávio (2) e Braguinha (Botafogo); Antoninho (Santos)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson (Marinho) e Nílton Santos; Rubinho (Sarno), Ávila e Juvenal; Paraguaio (Reynaldo), Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha
Santos: Leonídio, Artigas e Dinho ; Nenê, Telesca e Alfredo; Zeferino ( Barbuí ), Antoninho, Pascoal, Paulo e Pinhegas

BOTAFOGO 3x0 VASCO
Data: 20/06/1951
Local: Laranjeiras (Rio de Janeiro)
Competição: Torneio Municipal (Botafogo campeão)
Árbitro: Alberto da Gama Malcher
Gols: Geraldo, Baduca e Dino.
Botafogo: Arízio, Haroldo e Nílton Santos; Araty, Richarde (Carlito) e Bob; Joel, Geraldo, Dino, Baduca e Jayme. Técnicos: Carvalho Leite e Newton Cardoso.
Vasco: Carlos Alberto, Acir (Joel) e Antoninho; Aldemar, Bira e Carlinhos; Noca, Cabano (Nelsinho), Vasconcellos, Jansen e Djair. Técnico: Oto Glória.

BOTAFOGO 6x3 BONSUCESSO
Data: 19/07/1953
Local: General Severiano
Árbitro: Erick Westman
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Garrincha (3), Dino (2) e Vinícius (Botafogo); Simões, Lino e Benedito (Bonsucesso)
Botafogo: Gílson, Gérson e Nílton Santos; Araty, Bob e Juvenal; Garrincha, Geninho, Dino, Ariosto e Vinícius. Técnico: Gentil Cardoso.
Bonsucesso: Ari, Duarte e Mauro; Urubatão, Décio e Serafim; Lino, Wilson, Simões, Soca e Benedito. Técnico: Sylvio Pirillo.

BOTAFOGO 3x0 FLAMENGO (RJ)
Data: 07/09/1953
Local: Maracanã
Árbitro: Alberto da Gama Malcher
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Vinícius, Garrincha e Dino.
Botafogo: Gílson, Gérson e Nílton Santos; Araty, Bob e Juvenal; Garrincha, Geninho, Carlyle, Dino e Vinícius. Técnico: Gentil Cardoso.
Flamengo: Garcia, Leone e Pavão; Marinho, Dequinha e Jordan; Joel, Rubens, Índio, Benitez e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich.

BOTAFOGO 5x2 SANTOS (SP)
Data: 12/01/1955
Local: Vila Belmiro
Árbitro: Antônio Musitano
Competição: Amistoso
Gols: Garrincha (3), Dino e Carlyle (Botafogo); Del Vecchio e Válter (Santos)
Botafogo: Gílson, Gérson (Thomé) e Nílton Santos; Orlando Maia, Bob e Danilo (Juvenal); Garrincha, Paulinho (Quarentinha), Dino (Vinícius), Carlyle e Neyvaldo Técnico: Zezé Moreira.
Santos: Barbosinha, Hélvio e Ivã; Feijó, Zito e Urubatão; Del Vecchio, Válter, Álvaro, Vasconcellos e Tite (Carlinhos). Técnico: Lula.

BOTAFOGO 5x1 STADE REIMS (FRA)
Data: 08/06/1955
Local: Reims (FRA)
Árbitro: Não divulgado
Competição: Amistoso
Gols: Dino (3), Vinícius e Paulinho (Botafogo); Kopa (Stade Reims)
Botafogo: Lugano, Orlando Maia, Thomé e Nílton Santos; Bob (Pampolini) e Juvenal; Garrincha, Paulinho, Dino, Vinícius (Wilson Moreira) e Hélio (Quarentinha). Técnico: Zezé Moreira.
Stade Reims: Sinibaldi, Zimmy, Siatka, Penverne, Jonquet e Cicci; Hidalgo, Kopa, Biliard, Templinx e Brandãozinho. Técnico: Não divulgado.

BOTAFOGO 6x1 SELEÇÃO DA HOLANDA
Data: 19/06/1955
Local: Estádio Olímpico (Amsterdam)
Árbitro: Não divulgado
Competição: Amistoso
Gols: Vinícius (3), Dino (2) e Garrincha (Botafogo); Van Melis (Holanda)
Botafogo: Lugano, Orlando Maia, Gérson e Nílton Santos; Bob e Juvenal; Garrincha, Paulinho, Dino, Vinícius e Hélio (Quarentinha).
Seleção da Holanda: Graafland, Wierama e Boskamp; Schaap, Vanderhart e Klaasens; Overbeek, Wilkes, Van Melis, Lenstra e Deharder.

BOTAFOGO 4x0 COMBINADO TORINO/JUVENTUS (ITÁ)
Data: 29/06/1955
Local: Estádio do Torino (Turim)
Árbitro: Não divulgado
Competição: Amistoso
Gols: Garrincha (2), Vinícius e Dino
Botafogo: Lugano, Thomé e Nílton Santos; Orlando Maia, Bob (Ruarinho) e Juvenal (Danilo); Garrincha (Neyvaldo), Paulinho, Dino, Vinícius (Wilson Moreira) e Quarentinha (Hélio). Técnico: Zezé Moreira.
Combinado Torino/Juventus: Viola (Lovatti), Molino, Corradi, Bearzot (Sentimenti III), Ferrari (Garzena) e Moltrasi (Bodi); Boniperti, Montico, Bacci (Macor), Vairo e Bertoloni. Técnico: Não divulgado.

BOTAFOGO 5x0 FLAMENGO
Data: 29/09/1956
Local: Maracanã
Árbitro: Mário Vianna
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Paulinho Valentim (2), Alarcón (2) e Didi
Botafogo: Amaury, Orlando Maia, Thomé e Nílton Santos; Bob e Bauer; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Alarcón e Hélio. Técnico: Geninho.
Flamengo: Chamorro, Tomires e Pavão; Jadir, Mílton Copolillo e Jordan; Paulinho, Duca, Índio, Evaristo e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich.

BOTAFOGO 6x2 FLUMINENSE
Data: 22/12/1957
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Público: 89.100
Árbitro: Alberto da Gama Malcher
Competição: Campeonato Carioca (Botafogo campeão)
Gols: Paulinho Valentim (5) e Garrincha (Botafogo); Escurinho e Waldo (Fluminense)
Botafogo: Adalberto, Beto, Thomé, Servílio, Pampolini e Nílton Santos ; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Édison e Quarentinha. Técnico: João Saldanha
Fluminense: Castilho, Cacá, Pinheiro, Clóvis, Jair Santana e Altair; Telê, Jair Francisco, Waldo, Róbson e Escurinho. Técnico: Sylvio Pirillo.

BOTAFOGO 2x0 ÁUSTRIA DE VIENA
Data: 24/01/1960
Local: Bogotá (Colômbia)
Árbitro: Não divulgado
Competição: Quadrangular de Bogotá (Botafogo campeão)
Gols: Paulinho Valentim e Zagallo
Botafogo: Ernâni, Cacá, Zé Maria, Nílton Santos e Chicão; Pampolini e Édison; Garrincha (Amoroso), Paulinho Valentim, Amarildo e Zagallo (Bruno). Técnico: Paulo Amaral.
Áustria de Viena: Gartmer, Swoboda, Stotz, Hiruschrot, Losser, Medveth, Huschek, Fial, Nemerk, Riggler e Bernsdtsson. Técnico: Não divulgado.

BOTAFOGO 4x0 VASCO
Data: 19/11/1961
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro: Frederico Lopes
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Didi (2), Amoroso e Amarildo.
Botafogo: Manga, Rildo, Zé Maria, Nílton Santos e Chicão; Ayrton e Didi; Garrincha, Amoroso, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Vasco: Ita, Paulinho, Bellini, Barbosinha e Coronel; Écio e Lorico; Sabará, Saulzinho, Villadoniga e Pinga. Técnico: Paulo Amaral.

BOTAFOGO 3x0 SANTOS
Data: 03/01/1962
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Público: 102.348 (95.518 pagantes)
Árbitro: Romualdo Arppi Filho
Competição: Amistoso
Gols: Amarildo (2) e China
Botafogo: Manga, Rildo, Zé Maria, Nílton Santos e Chicão (Wilton); Ayrton e Didi; Garrincha, Quarentinha (China), Amarildo (Amoroso) e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Santos: Laércio, Lima, Mauro (Olavo), Calvet e Dalmo; Zito e Tite; Dorval, Coutinho (Pagão), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.  
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BOTAFOGO 2x1 AMÉRICA (MÉX)
Data: 04/02/1962
Local: Estádio Cidade Universitária (México)
Árbitro Não divulgado
Competição: Pentagonal do México (Botafogo campeão)
Gols: Zagallo e Amarildo (Botafogo); Pina (América)
Botafogo: Manga, Cacá, Zé Maria, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Didi; Garrincha (Iroldo), China (Édison), Amarildo (Amoroso) e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
América: Morelos, Bosco, Portugal, Urubatão e Najera; Cuenca e Moacir (Pina); González, Blanco, Zague e Martell. Técnico: Não divulgado.

BOTAFOGO 4x1 VASCO
Data: 21/02/1962
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro: Antônio Viug
Competição: Torneio Rio-São Paulo
Gols: Amarido (2), Neyvaldo e Zagallo (Botafogo); Da Silva (Vasco)
Botafogo: Manga, Joel, Zé Maria (Paulistinha), Nílton Santos e Rildo; Pampolini e Didi; Garrincha, Quarentinha (China), Amarildo (Neyvaldo) e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Vasco: Ita, Paulinho, Brito, Barbosinha e Coronel (Dario); Nivaldo (Laerte) e Lorico; Sabará, Javan, Vevé e Da Silva. Técnico: Paulo Amaral.

BOTAFOGO 3x1 PALMEIRAS
Data: 17/03/1962
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Competição: Torneio Rio-São Paulo (Botafogo campeão)
Árbitro: Romualdo Arppi Filho
Público: 50.325 (46.368 pagantes)
Gols: Amarildo (2) e Quarentinha (Botafogo); Zequinha (Palmeiras)
Botafogo: Manga, Joel (Cacá), Zé Maria, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Didi; Garrincha, Quarentinha (China), Amarildo e Zagallo (Neyvaldo). Técnico: Marinho Rodrigues.
Palmeiras: Valdir, Djalma Santos, Valdemar, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho; Gildo (Zeola), Américo, Vavá e Geraldo José da Silva. Técnico: Maurício Cardoso.

BOTAFOGO 3x0 FLAMENGO
Data: 15/12/1962
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Competição: Campeonato Carioca (Botafogo campeão)
Árbitro: Armando Marques
Público: 158.994 (147.043 pagantes)
Gols: Garrincha (2) e Vanderlei (c)
Botafogo: Manga, Paulistinha, Jadir, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Édison; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Flamengo: Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos e Nelsinho; Espanhol, Henrique, Dida e Gérson. Técnico: Flávio Costa.

BOTAFOGO 3x2 RACING DE PARIS (FRA)
Data: 13/06/1963
Local: Parc des Princes (Paris)
Árbitro: Não divulgado
Competição: Torneio de Paris (Botafogo campeão)
Gols: Quarentinha, Jair Bala e Amarildo (Botafogo); Milutinovic e Heutte (Racing de Paris)
Botafogo: Manga, Paulistinha, Zé Maria, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Zagallo; Garrincha, Jair Bala, Amarildo e Quarentinha. Técnico: Danilo Alvim.
Racing de Paris: Taillandier, Lelong, Bidin e Polrot; Bollini e Mahjub; Heutte, Senac, Milutinovic, Van Sam e Charpentier. Técnico: Não divulgado.

BOTAFOGO 2x1 BOCA JUNIORS (ARG)
Data: 15/03/1964
Local: Hernán Siles (La Paz)
Árbitro: Arturo Ortube
Competição: Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz (Botafogo campeão)
Gols: Gérson e Jairzinho (Botafogo); Sanfilippo (Boca Juniors)
Botafogo: Manga, Joel, Zé Carlos, Nílton Santos e Rildo; Élton e Gérson; Garrincha, Arlindo, Jairzinho (Amoroso) e Zagallo. Técnico: Zoulo Rabello.
Boca Juniors: Roma, Simeone, Magdalena, Orlando e Marzoline; Rattin e Silveira; Rulli, Ferreyra (Perez), Sanfilippo e González. Técnico: Não divulgado.

BOTAFOGO 5x0 BANGU
Data: 09/05/1964
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro: Guálter Portela Filho
Competição: Torneio Rio-São Paulo
Gols: Jairzinho (2), Gérson, Élton e Garrincha
Botafogo: Manga, Joel, Zé Carlos, Nílton Santos e Paulistinha; Élton e Gérson; Garrincha, Arlindo, Jairzinho e Zagallo (Quarentinha). Técnico: Zoulo Rabello.
Bangu: Aldo, Fidélis, Mário Tito, Hélcio e Nílton Santos; Ocimar e Roberto Pinto (Romeu); Paulo Borges, Bianchini, Cabralzinho e Parada (Vermelho). Técnico: Denôni Pereira Alves.

BOTAFOGO 5x0 LEO VICTOR
Data: 19/06/1964
Local: Paramaribo
Árbitro: Freddie Goedhart
Assistentes: Harry Leenom e Frederik Francis
Gols: Sicupira (2), Quarentinha (2) e Jairzinho
Competição: Quadrangular do Suriname (Botafogo campeão)
Botafogo: Manga (Florisvaldo), Joel, Paulistinha, Nílton Santos (Ayrton) e Rildo; Élton e Gérson; Sicupira, Fifi, Jairzinho e Zagallo (Quarentinha). Técnico: Zoulo Rabello.
Leo Victor: Schotsborg, Eniglenig, Bosse, Sanches e Strok; Wongswiesan e Griffith (Toto); Schutte, Bottse, Purperhart e Harryson. Técnico: Não divulgado.

Último jogo oficial:

BOTAFOGO 1x0 FLAMENGO
Data: 13/12/1964
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Roberto
Botafogo: Manga, Mura, Zé Carlos, Nílton Santos e Rildo; Élton e Gérson; Jairzinho, Roberto, Arlindo e Humberto.
Flamengo: Marcial, Murilo, Ditão, Joubert e Paulo Henrique; Carlinhos e Nélson: Amauri, Aírton, Paulo Alves e Oswaldo II.

Último jogo:

BOTAFOGO 1x0 BAHIA
Data: 16/12/1964
Local: Fonte Nova (Salvador)
Competição: Amistoso
Gol: Roberto
Botafogo: Manga, Mura, Zé Carlos, Nílton Santos e Rildo; Didi (Élton) e Gérson; Jairzinho (Sicupira), Roberto, Arlindo (Ayrton) e Zagallo (Humberto).

Pesquisas de Pedro Varanda (colaborador do blogue) e complementos de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

Esther Minuzzi com Delneri Martins Viana


Voz de Zé Dassilva

Parecia que a maldição dizia assim ao Botafogo: sofrerás até o dia em que alguém que tenha algo a ver com o Metropol venha lhe redimir e livrar da maldição. Só em 89 o Botafogo viria a ser campeão, e tinha Paulinho Criciúma no ataque, que era sobrinho de Zezinho Rocha, lateral-direito do Metropol. Aí que veio a isenção dos pecados.” – Zé Dassilva.

Nota do Mundo Botafogo: A dita ‘maldição’ tem raízes na disputa da Taça Brasil de 1968. Após o 2º jogo no Maracanã, era necessário marcar um 3º jogo para a decisão. A CBF não marcou logo a data, como é natural, e o Metropol decidiu regressar a Santa Catarina. Quando, no dia seguinte, a CBF marcou novo jogo, o Metropol já estava em ‘casa’ e, na verdade, o time estava falido e sem dinheiro para nova viagem ao Rio de Janeiro. Porém, iludindo essa realidade, lançaram as culpas para cima da CBF e do Botafogo, rogando uma praga ao nosso clube como se tivesse alguma coisa a ver com o assunto. É uma curiosidade para a história do futebol e do nosso Botafogo.

Mané Garrincha e um pequeno Botafoguense

por João Máximo
Revista Placar, 1999

Há quase quatro décadas fins de 1961, um jornal do Rio de Janeiro e uma revendedora de automóveis promoveram concurso para premiar com um Simca Chambord o mais querido jogador do futebol carioca. Vencedor: Garrincha. Há quem jure que não apenas os botafoguenses votaram nele, mas também rubro-negros, vascaínos, tricolores e toda sorte de inimigos.

Todo mês, 1.200 cartas chegam à redação de PLACAR. Nelas, os leitores falam de tudo e de todos. Invariavelmente, os mais jovens querem conhecer a vida de um grande jogador. Pedem Pelé, sim. Mas pedem muito mais outro nome: Garrincha. Pode haver certo mistério nessa escolha, mas não surpresa. Mistério porque o ídolo, todo ídolo, já é em si um ser misterioso. Não há quem explique, dentro dos limites da lógica, por que ele e não outro. Nem há quem aponte pelo menos um dos encantos que o fazem mais admirado, amado, endeusado, cultuado e idolatrado que os demais. A qualidade do seu futebol ou a força do seu carisma não servem como resposta.

Garrincha sempre foi um mistério. Como craque e como ídolo. Não surpreende que jovens que não o viram jogar, a não ser pelas poucas imagens filmadas que restam dele, o elejam. Porque os dribles de Garrincha, seu passar por cima da bola, sua corrida até a linha de fundo, seus cruzamentos para vavás e amarildos marcarem seus gols, tudo isso tem pouco a ver com a perenidade do ídolo Garrincha, amado hoje como há quatro décadas.

O craque Garrincha foi um pouco como o Brasil: analfabeto, caipira, pés descalços, mais esperto que inteligente, intuitivo, pouco saudável. O que se podia esperar de um macunaíma de chuteiras? Nada. Com aquelas pernas tortas (arqueadas para o mesmo lado, numa aberração anatômica que levou um ortopedista a classificá-lo como ¿aleijado¿), nem devia poder equilibrar o próprio corpo, quanto mais jogar futebol.

Como o Brasil, Garrincha existia, apesar de tudo. Por menos que se esperasse dele.

Nós, os de 20 anos daqueles tempos, tínhamos de início certo preconceito contra o jogador. Depois de sofrermos a perda de duas Copas do Mundo (1950 e 1954), queríamos para a próxima uma Seleção culta e inteligente como as européias, com uma disciplina tática como as européias, com jogadores atleticamente saudáveis como os europeus. Vivíamos obsessivamente essa fantasia aqui implantada pelos jornais estrangeiros que, tendo testemunhado o giro europeu da Seleção Brasileira em 1956, traçaram dela um perfil, no mínimo, caricato. Segundo eles, nossos jogadores eram verdadeiros selvagens, emocionalmente imaturos, maleducados, indisciplinados. Uns alimentavam-se de peixe cru. Outros andavam pelos corredores de hotéis de luxo com toalha amarrada na cintura, sempre prontos a atacar a primeira camareira que aparecesse.

Foi muito com base na imprensa européia que o alto comando da CBD (hoje CBF) elaborou um relatório recomendando que o treinador de 1958 evitasse convocar jogadores psicologicamente despreparados, de baixo QI, de formação meio sobre o primitivo. E mais: que desse preferência aos arianos.


Moleque de rua

Garrincha era tudo aquilo que o relatório condenava. Aqui, permito-me um depoimento pessoal. A dois meses de viajarem para a Copa de 1958, os convocados por Vicente Feola foram à Faculdade Nacional de Odontologia, na Praia Vermelha, Zona Sul do Rio, para serem examinados pelos quartanistas (o doutor Trigo era o dentista da delegação, mas exames e tratamentos foram feitos por estudantes quartanistas e recém-formados, sob o comando do catedrático de Clínica Odontológica). Ao ver Garrincha chegar, barba por fazer, chinelos, jeans puído nos joelhos, camisa aberta no peito, brincando com os outros jogadores com a infantilidade e a inconveniência de um moleque de rua, um dos recém-formados, apaixonado por futebol, perguntou a um quartanista, não menos apaixonado:

– “Acha que com um cara assim a gente pode ser campeão do mundo?”

Resposta do quartanista:

– “Nunca!”

Custamos muito a descobrir Garrincha, o craque Garrincha, o ídolo Garrincha, o Brasil em Garrincha. Os torcedores do Botafogo, por motivos óbvios, já o conheciam. Estava no clube de General Severiano desde 1953, quando o estranho apelido de infância ganhou versões mais exóticas ainda, como Garrinha e Gualicho. Nós, que nem sabíamos do relatório, no fundo acreditávamos que Copa do Mundo não se ganhava com macunaímas, mas com modelos de estátua olímpica. Como Bellini. Ou alguém tem dúvida de que foi menos pelo futebol do que pelo tipo apolíneo que escolheram Bellini para nosso capitão na Suécia? Quanto a Garrincha, depois de 1958 ficou sendo a nossa primeira unanimidade nacional. Como dizem, antes tarde...

De certa maneira, em dezenove anos de carreira, Garrincha nos ensinou a ver o futebol por um ângulo menos científico e mais poético. Relatórios tiveram de ser rasgados por sua causa. E nós, os jovens daqueles tempos, fomos forçados a rever os nossos conceitos, as nossas verdades sobre futebol. Mais que tudo, aprendemos que táticas ferozes, sistemas de jogo apoiados em equações complicadas, QIs de Einstein, culturas enciclopédicas, saúdes de ferro, tudo isso pode valer menos que um drible. Com toques desconcertantes, ele foi três vezes campeão carioca (1957, 1961 e 1962, pelo Botafogo) e voltou da Suécia (1958) e do Chile (1962) como campeão mundial.


Craques sem mistério

A história de Garrincha, o craque e o ídolo, é bastante conhecida: o menino mirrado que nasceu em Pau Grande, distrito de Magé (RJ) e deixou a cidade para brilhar no Botafogo, na Seleção, no mundo, e que, no meio do caminho, foi conquistando mulheres em toda parte, produzindo filhos aqui e na Suécia, sempre com seu jeito de passarinho ingênuo, puro, sonso e bom. Um menino que nunca cresceu de todo e que, por isso, todos mimavam. É um Garrincha alegre esse e não por acaso cognominado de ¿a alegria do povo¿.

O Garrincha dos dribles infernais, sempre pela direita, conhecido, manjado, previsível, mas inevitável, e que, ao derrubar marcadores genericamente chamados de ¿joão¿, levava os estádios a uma gargalhada só. As arquibancadas eram mais felizes diante dele, o Garrincha meio Chaplin, meio Mazaropi, entre o gênio e o matuto, impossível de acontecer (como o país onde nascera) e que ainda assim acontecia. E como.

Deve ser este Garrincha que ainda hoje é tão popular. Um Garrincha que muitos não viram, mas sobre o qual ouviram histórias, anedotas, lendas. Parece já não haver no futebol lugar para personagens carregados de tão sublimes mistérios. Naqueles tempos, o que não sabíamos de Garrincha, imaginávamos. E a imaginação é mil vezes mais sedutora que a realidade. Os craques de agora já não têm a mesma magia.

Sabemos tudo deles: onde moram, como são, sua família, seus hábitos, suas namoradas, seus qüiproquós, seus pecados. Se um jogador se orgulha muito mais do relógio de ouro que ostenta no pulso do que da camisa da Seleção, ficamos sabendo pelo próprio, ao vivo e em cores. São seres sem segredos os craques de hoje e, como tal, sem encanto. O torcedor precisa do mistério para amar o ídolo. Talvez por isso tenham votado no Garrincha que imaginam.

Já Garrincha, o homem, esse sempre foi um mistério do qual nunca quisemos nos aproximar. Acredito que nós da chamada imprensa esportiva sempre optamos pelo lema ¿imprima-se a lenda¿ quando se tratava de escrever sobre os nossos craques. Quando chegou ao Corinthians, em 1966, com 33 anos, Garrincha já vivia os problemas da longa convivência com a bebida. Seria assim também no Flamengo, em 1969, e no pequeno Olaria-RJ, onde ficou entre 1971 e 1972. Seguiu-se a melancólica seqüência de clubes de aluguel que o velho ponta defendia por uns trocados: Juventus, do Acre; CEUB, de Brasília, Milionários, da Colômbia; Souza, da Paraíba. Ainda assim, a imprensa preferia falar do mito sempre folclórico, mas cada vez mais irreal. Com isso, camuflamos Garrincha, o homem.


O ídolo destruído

Nunca quisemos ver que, enquanto o craque driblava em campo, o homem se destruía fora dele; enquanto o jogador nos conquistava com sua doce irresponsabilidade, essência final da sua arte, o menino se consumia ao longo de uma vida tão torta quanto suas pernas. Foram contusões e ressacas mal curadas, cartolas e amigos mal-intencionados, negócios e casamentos malfeitos. Este, o homem, morto em 20 de janeiro de 1983, nem a biografia impiedosamente verdadeira de Ruy Castro conseguiu sobrepor-se ao craque. Não aos olhos do torcedor de quem, para todo o sempre, Garrincha é ídolo.

Quanto a mim, vivo em eterna penitência por este fascinante Brasil chamado Garrincha. Por ser parte da imprensa esportiva que, transformando-o em lenda, esqueceu-se do homem. E por aquele imperdoável ''nunca!'' de quarenta anos atrás.

Nota do Mundo Botafogo: Embora publique integralmente o texto por respeito ao autor, João Máximo, o editor deste blogue não concorda com a visão biográfica publicada por Ruy Castro. A biografia realça o alcoolismo de Garrincha e não a bola. Uma biografia de um futebolista famoso como Garrincha tem necessariamente como tema central a bola, e como rodapé o álcool. Ruy Castro faz o inverso. Ruy Castro é um indefectível flamenguista que na década de 1960 sofreu na pele os bailes que Garrincha deu ao seu clube.

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