sábado, 30 de novembro de 2013
Voz de Leonardo Jardim
“O Sporting não é candidato ao título porque
não preparou uma estrutura de futebol para ser candidato, mas isto não
inviabiliza a nossa ambição ou o nosso querer de estar nos primeiros lugares.”
– Leonardo Jardim, treinador do Sporting,
após a vitória sobre o Guimarães e a um ponto da liderança.
Comentário
do Mundo Botafogo: Aí está um treinador à medida do que eu gosto. O Sporting
vem de um 7º lugar em 2012/2013 e naturalmente que não pode aspirar a disputar
o título português porque não se preparou para isso no ano anterior nem
investiu milhões nesta temporada, pelo contrário. Mas com a mesma tranquilidade
que o treinador anuncia, desde a 1ª rodada, que não é candidato ao título,
também não nega a ambição de querer estar entre os primeiros. Quer dizer: este
ano o homem vai preparar uma equipa para a temporada seguinte e, no fundo, no
fundo, há uma fresta de porta entreaberta ao que ainda vier. Porém, nada de
exaltações porque o time precisa de tranquilidade para pensar jogo após jogo.
Em 10 rodadas fez 23 pontos, contra apenas 11 pontos feitos no ano passado à
10ª rodada, e está a 1 ponto do líder, isto é, em 1/3 do campeonato. Se
Leonardo Jardim não foi brilhante, foi quase brilhante…
Fragmentos 'jogos memoráveis do botafogo': a maior goleada do Brasil [3]
“Botafogo
Football Club 24x0 Sport Club Mangueira. A maior goleada brasileira de
todos os tempos. Todo o mundo sabe isso. Mas nem todo o mundo conhece
pormenores interessantes como os narrados por Auriel de Almeida:
“O resultado foi tão inexplicável que, como acontece aos
grandes feitos, várias lendas urbanas surgiram em seu torno nesse mais de um
século.
Na mais famosa, o goleiro Luiz Guimarães, do Mangueira,
teria jogado com uma enorme poça de lama à sua frente e não se quis atirar nas
bolas chutadas para não sujar o uniforme. Não há nenhuma menção dos jornais da
época a tal história. (…) O goleiro, inclusive, mereceu elogios dos cronistas
desportivos (…) que foi (…) o melhor mangueirense em campo. (…)
Em outra, o time do Mangueira estaria tão desfalcado que
jogou com uma equipe formada por diretores e funcionários do clube. Outro mito
facilmente derrubado. (…) Tanto o rubro-negro da Tijuca tinha jogadores o
suficiente à disposição que disputou até mesmo a preliminar dos segundos
quadros.
Há ainda os que simplesmente menosprezam o Mangueira, que
pela surra que tomou ganhou o status
folclórico de “pior time da história do Rio de Janeiro”, o que é injusto. (…) O
Mangueira disputou 232 jogos, tendo vencido 61, empatado 23 e perdido 148, o
que (…) é totalmente condizente com o de qualquer clube considerado pequeno no
Rio e bem acima de inúmeras equipes.”
Excerto autorizado pelo autor. In: ALMEIDA, A. (2012). Jogos Memoráveis do Botafogo. Rio de Janeiro: ed. iVentura, pp.
20-21 (à venda nas livrarias Travessa e Saraiva ou no portal www.iventura.com.br)
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Vozes de torcedores
“VASCO – CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL 2011
FLUMINENSE – CAMPEÃO BRASILEIRO EM 2012
FLAMENGO – CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL EM
2013
BOTAFOGO – ATÉ QUANDO
???????????????????”
– Edson Reis, no Facebook
Confesso que não estou preocupado, porque li no mesmo
Facebook a grande profecia de outro torcedor botafoguense para 2014:
“2014
O ano do Botafogo, vamos ganhar tudo, Botafogo campeão carioca de 2014,
Botafogo campeão Brasileiro de 2014, Botafogo campeão da copa do Brasil de
2014, Botafogo campeão da libertadores de 2014 vamos que vamos... Balanço de
2013: Esse ganhamos o Campeonato carioca de 2013, Brasileiro de 2013, até o 1
turno lutamos pelo titulo, no 2 turno caímos para 11 lugar, Copa do Brasil de
2013 chegamos perto… É a luta no g-4 continua….”
– Torcedor
botafoguense no Facebook.
Um dia de 1941…
16
de Março de 1941. Botafogo x Combinado España-Astúrias. Excursão do Botafogo ao
México. A campanha ‘mexicana’, antes de o Botafogo rumar aos Estados Unidos da
América, foi a seguinte: 1x1 Estudiantes de La Plata; 7x4 España; 3x2 Jalisco;
2x0 Seleção Mexicana; 3x3 Atlante; e, finalmente, 5x3 Combinado
España-Astúrias.
Alceu
Mendes de Oliveira Castro narra assim a extraordinária excursão:
“A
imprensa mexicana, embora elogiando altamente o nosso quadro, para cada novo
compromisso, esperava a queda do Botafogo, mas não foi ainda a 9 de Março,
quando enfrentando o quadro campeão do Atlante, o Glorioso, depois de estar a
perder por 3x1, em eletrizante ‘virada’, empatou a pugna. (…)
A
19 de março, o Botafogo encerrou invictamente sua ampla campanha no México,
abatendo brilhantemente o Combinado España-Asturias por 5x3, em match violento
e agitadíssimo, no qual foram expulsos Zezé Moreira, injustamente, e Nariz, que
perdendo a serenidade, agrediu o parcial juiz mexicano. Carvalho Leite, o
veterano e glorioso center, scorer da temporada, marcou três pontos e os jovens
Geninho e Heleno completaram a contagem.
Após
o término do desafio, os jogadores botafoguenses e os brasileiros residentes no
México reuniram-se e entoaram o Hino Nacional.”
Nesta
excursão ter-se-á iniciado verdadeiramente a Era Heleno, que viria a ser
marcada por acontecimentos fora do comum.
A
equipa alinhou com Aymoré, G. Bell e Nariz; Laxixa (Zezé), Procópio e Zarcy;
Tadique, Heleno de Freitas, Carvalho Leite, Geninho (Sardinha) e Pirica.
Pesquisa
de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo); Fontes: Alceu Mendes de
Oliveira Castro (1951): O Futebol no Botafogo (1904-1950), Gráfica Milone; Imagem: Montagem de Iram Santos.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Voz de Joel Santana
“O Botafogo não é uma estrela solitária, é
uma constelação.” – Joel Santana,
a 4 de dezembro de 1996, entre juras de amor, quando assumiu o Botafogo para
ser campeão no ano seguinte.
Homenagem ao Campeão Carioca de 1957
Letra e
música de Delfim Jardim Aleixo
Botafogo,
Botafogo
Campeão do
Rio de Janeiro
Botafogo,
Botafogo
É a glória
do esporte brasileiro
És o clube
do meu coração
Sempre foste
vitorioso
O teu nome é
uma tradição
Meu querido
glorioso
Tanto faz na
terra
Tanto faz no
mar
Tua estrela
solitária é brilhante
Tu és uma
família exemplar
E na luta um
verdadeiro gigante
Nilton Santos
foi protagonista do título de 1957. Entre outras incursões ao ataque, foi ele
que fez o extraordinário lançamento para Paulinho Valentim marcar de bicicleta
um dos cinco gols que ‘presentearam’ o Fluminense naquela tarde Gloriosa. No
dia da partida de Nilton Santos, a letra de Delfim Jardim Aleixo é um hino de
alegria que se lhe adapta bem – porque é muito difícil isolar Nilton Santos do
Botafogo e vice-versa. Desejo que a sua energia se funda com outras energias
positivas e poderosas do Universo. Abraçamo-nos pessoalmente em 2009. Estou lhe
enviando um último abraço até à eternidade.
Imagem: Flâmula da coleção de Claudio Falcão.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Obrigado por tudo, Nilton Santos!
Nilton Santos, o
atleta que só vestiu a camisa do Botafogo e da Seleção Brasileira, deixa-nos tristes na hora da partida. Porém, Nilton Santos deixa-nos também um formidável legado que ao longo da sua vida intensamente vivida foi de enorme alegria para todos nós. Que descanse em paz.
Nilton Santos nasceu a 16 de Maio de 1925, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, filho de Pedro Luiz dos Santos e Josélia Costa dos Santos, e faleceu no Rio de Janeiro a 27 de novembro de 2013 com 88 anos.
Nilton Santos nasceu a 16 de Maio de 1925, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, filho de Pedro Luiz dos Santos e Josélia Costa dos Santos, e faleceu no Rio de Janeiro a 27 de novembro de 2013 com 88 anos.
Nilton
Santos, designado por ‘Enciclopédia’, tal era o seu saber futebolístico, foi o
maior exemplo de identificação de um craque com um clube de futebol brasileiro
– o Botafogo de Futebol e Regatas.
Nilton vestiu a camisa do Glorioso por mais de 16
anos (1948-1964). O craque treinou pela primeira vez como atacante e foi
mandado para a defesa pelo lendário dirigente Carlito Rocha. Foi aí que se
tornou o maior lateral-esquerdo da história do futebol e em 1998 foi eleito
para a equipa do século por jornalistas do mundo inteiro.
A ‘Enciclopédia’ estreou em 21 de Março de 1948 na
derrota de 2x1 para o América (MG) e encerrou a carreira a 16 de Dezembro de
1964 na vitória de 1x0 sobre o Bahia. Foi campeão do Rio de Janeiro em 1948,
1957, 1961 e 1962 e do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964, realizando 726 partidas (incluindo 3 em Torneio Início e 2 pelos aspirantes, em 1948) e fazendo 11 gols no Botafogo.
No escrete canarinho fez 82 partidas e 3 gols;
estreando em 17 de Abril de 1949 na vitória de 5x0 sobre a Colômbia,
despedindo-se na final da Copa de1962, em Santiago, com a vitória de 3x1 sobre
a Checoslováquia. Nilton esteve presente nas Copas de 1950, 1954, 1958 e 1962,
sendo bicampeão mundial nas duas últimas.
Os títulos
pelo Botafogo: Campeonato Carioca (1948, 1957, 1961 e 1962), Torneio
Rio-São Paulo (1962 e 1964), Torneio Triangular de Porto Alegre (1951), Torneio
Municipal do Rio de Janeiro (1951), Torneio Quadrangular de Bogotá (1960), Torneio Internacional da Costa Rica (1961), Torneio Pentagonal do México (1962), Torneio de Paris (1963), Torneio
Governador Magalhães Pinto (1964), Torneio Jubileu de Ouro da Associação de
Futebol – La Paz (1964) e Torneio Quadrangular do Suriname (1964).
Estreia:
BOTAFOGO 1x2
AMÉRICA (MG)
Data:
21/03/1948
Local:
General Severiano (Rio de Janeiro)
Competição:
Amistoso
Botafogo:
Osvaldo Baliza, Marinho e Sarno; Nílton
Santos (Nílton Senra), Ávila e Juvenal; Nerino (Rosinha),
Geninho, Pirillo, Octávio (Darci) e Demósthenes (Reynaldo). Gol: Didi (contra).
Obs: Sarno foi expulso.
Obs: Sarno foi expulso.
Primeira
vitória:
BOTAFOGO 3x2
BOLÍVAR (BOL)
Data
04/04/1948
Local: La
Paz (Bolívia)
Competição
Amistoso
Botafogo:
Osvaldo Baliza, Fedato e Sarno; Marinho, Ávila e Juvenal (Nílton Santos); Rosinha
(Calvete), Geninho, Pirillo (Zezinho), Octávio (Oswaldinho) e Demósthenes
(Darci). Gols: Oswaldinho (2) e Octávio.
Primeiro
gol:
BOTAFOGO 1x0
AMÉRICA
Data:
19/09/1948
Local:
General Severiano (Rio de Janeiro)
Competição:
Campeonato Carioca
Gol: Nílton Santos
Botafogo:
Osvaldo Baliza, Marinho e Nílton
Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo,
Octávio e Braguinha.
América:
Vicente, Alcides e Joel; Mílton, Spíndola e Amaro; Alcides II, Maneco, Maxwell,
César e Esquerdinha.
Outros jogos
importantes pelo Botafogo:
BOTAFOGO 5x2
FLUMINENSE
Data:
01/08/1948
Local:
Laranjeiras (Rio de Janeiro)
Árbitro:
Arthur Ford - 'Rei do Pênalti'
Competição:
Campeonato Carioca
Gols:
Pirillo, Braguinha e Octávio (pen.) (Botafogo) no 1ºT; Pirillo (2) (Botafogo) e Rodrigues (pen.) e Orlando Pingo de Ouro (Fluminense) no 2ºT
Botafogo
Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton
Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo,
Octávio e Braguinha. Técnico: Zezé Moreira.
Fluminense:
Castilho, Pé-de-Valsa e Hélvio; Índio, Mirim e Bigode; Cento e Nove, Simões,
Careca, Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Técnico: Ondino Viera.
Obs: Osvaldo Baliza defendeu dois pênaltis cobrados por Rodrigues e Careca.
Obs: Osvaldo Baliza defendeu dois pênaltis cobrados por Rodrigues e Careca.
BOTAFOGO 5x3
FLAMENGO
Data:
28/11/1948
Local:
General Severiano (Rio de Janeiro)
Árbitro:
Dewine
Competição:
Campeonato Carioca
Gols: Ávila,
Octávio, Braguinha, Pirillo e Paraguaio (Botafogo); Gringo (2) e Durval
(Flamengo)
Botafogo:
Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton
Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo,
Octávio e Braguinha.
Flamengo:
Luís, Newton e Norival; Biguá, Bria e Jayme; Luisinho, Zizinho, Gringo, Jair e
Durval.
BOTAFOGO 3x1
VASCO DA GAMA
Data:
12/12/1948
Local:
General Severiano (Rio de Janeiro)
Competição:
Campeonato Carioca (Botafogo
campeão)
Público:
20.000 (estimado)
Árbitro:
Mário Vianna
Gols:
Paraguaio, Braguinha e Octávio (Botafogo); Ávila (contra) (Vasco da Gama)
Botafogo:
Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton
Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo,
Octávio e Braguinha. Técnico: Zezé Moreira.
Vasco:
Barbosa, Augusto e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Friaça, Ademir Menezes, Dimas,
Ipojucan e Chico. Técnico: Flávio Costa.
BOTAFOGO 6x2
INTERNACIONAL (RS)
Data:
19/12/1948
Local:
General Severiano
Árbitro:
Mário Vianna
Competição:
Amistoso (entrega de faixas de campeão carioca 1948)
Gols:
Oswaldinho (3), Octávio, Juvenal e Paraguaio (Botafogo); Vilalba e Adãozinho
(Internacional)
Botafogo:
Osvaldo Baliza, Gérson (Marinho) e Nílton
Santos (Sarno); Rubinho (Ivan), Ávila (Berascochéa) e Juvenal
(Adão); Paraguaio, Geninho, Oswaldinho, Octávio e Braguinha (Reynaldo).
Internacional:
Ivo, Nena e Maravilha; Alfeu (Segura), Viana e Abigail; Tesourinha, Ghizoni,
Adãozinho, Vilalba (Roberto) e Carlitos.
BOTAFOGO 5x1
SANTOS (SP)
Data:
17/01/1949
Local:
Pacaembu
Árbitro:
Alberto da Gama Malcher
Competição:
Amistoso
Gols: Nílton Santos (2), Octávio
(2) e Braguinha (Botafogo); Antoninho (Santos)
Botafogo:
Osvaldo Baliza, Gérson (Marinho) e Nílton
Santos; Rubinho (Sarno), Ávila e Juvenal; Paraguaio (Reynaldo),
Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha
Santos:
Leonídio, Artigas e Dinho ; Nenê, Telesca e Alfredo; Zeferino ( Barbuí ),
Antoninho, Pascoal, Paulo e Pinhegas
BOTAFOGO 3x0
VASCO
Data:
20/06/1951
Local:
Laranjeiras (Rio de Janeiro)
Competição:
Torneio Municipal (Botafogo
campeão)
Árbitro:
Alberto da Gama Malcher
Gols:
Geraldo, Baduca e Dino.
Botafogo:
Arízio, Haroldo e Nílton
Santos; Araty, Richarde (Carlito) e Bob; Joel, Geraldo, Dino,
Baduca e Jayme. Técnicos: Carvalho Leite e Newton Cardoso.
Vasco:
Carlos Alberto, Acir (Joel) e Antoninho; Aldemar, Bira e Carlinhos; Noca,
Cabano (Nelsinho), Vasconcellos, Jansen e Djair. Técnico: Oto Glória.
BOTAFOGO 6x3
BONSUCESSO
Data:
19/07/1953
Local:
General Severiano
Árbitro:
Erick Westman
Competição:
Campeonato Carioca
Gols:
Garrincha (3), Dino (2) e Vinícius (Botafogo); Simões, Lino e Benedito
(Bonsucesso)
Botafogo:
Gílson, Gérson e Nílton Santos;
Araty, Bob e Juvenal; Garrincha, Geninho, Dino, Ariosto e Vinícius. Técnico:
Gentil Cardoso.
Bonsucesso:
Ari, Duarte e Mauro; Urubatão, Décio e Serafim; Lino, Wilson, Simões, Soca e
Benedito. Técnico: Sylvio Pirillo.
BOTAFOGO 3x0
FLAMENGO (RJ)
Data:
07/09/1953
Local:
Maracanã
Árbitro:
Alberto da Gama Malcher
Competição:
Campeonato Carioca
Gols:
Vinícius, Garrincha e Dino.
Botafogo:
Gílson, Gérson e Nílton Santos;
Araty, Bob e Juvenal; Garrincha, Geninho, Carlyle, Dino e Vinícius. Técnico:
Gentil Cardoso.
Flamengo:
Garcia, Leone e Pavão; Marinho, Dequinha e Jordan; Joel, Rubens, Índio, Benitez
e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich.
BOTAFOGO 5x2
SANTOS (SP)
Data:
12/01/1955
Local: Vila
Belmiro
Árbitro:
Antônio Musitano
Competição:
Amistoso
Gols:
Garrincha (3), Dino e Carlyle (Botafogo); Del Vecchio e Válter (Santos)
Botafogo:
Gílson, Gérson (Thomé) e Nílton
Santos; Orlando Maia, Bob e Danilo (Juvenal); Garrincha,
Paulinho (Quarentinha), Dino (Vinícius), Carlyle e Neyvaldo Técnico: Zezé Moreira.
Santos:
Barbosinha, Hélvio e Ivã; Feijó, Zito e Urubatão; Del Vecchio, Válter, Álvaro,
Vasconcellos e Tite (Carlinhos). Técnico: Lula.
BOTAFOGO 5x1
STADE REIMS (FRA)
Data:
08/06/1955
Local: Reims
(FRA)
Árbitro: Não
divulgado
Competição:
Amistoso
Gols: Dino
(3), Vinícius e Paulinho (Botafogo); Kopa (Stade Reims)
Botafogo:
Lugano, Orlando Maia, Thomé e Nílton
Santos; Bob (Pampolini) e Juvenal; Garrincha, Paulinho, Dino,
Vinícius (Wilson Moreira) e Hélio (Quarentinha). Técnico: Zezé Moreira.
Stade Reims:
Sinibaldi, Zimmy, Siatka, Penverne, Jonquet e Cicci; Hidalgo, Kopa, Biliard,
Templinx e Brandãozinho. Técnico: Não divulgado.
BOTAFOGO 6x1
SELEÇÃO DA HOLANDA
Data:
19/06/1955
Local:
Estádio Olímpico (Amsterdam)
Árbitro: Não
divulgado
Competição:
Amistoso
Gols:
Vinícius (3), Dino (2) e Garrincha (Botafogo); Van Melis (Holanda)
Botafogo:
Lugano, Orlando Maia, Gérson e Nílton
Santos; Bob e Juvenal; Garrincha, Paulinho, Dino, Vinícius e
Hélio (Quarentinha).
Seleção da
Holanda: Graafland, Wierama e Boskamp; Schaap, Vanderhart e Klaasens; Overbeek,
Wilkes, Van Melis, Lenstra e Deharder.
BOTAFOGO 4x0
COMBINADO TORINO/JUVENTUS (ITÁ)
Data:
29/06/1955
Local:
Estádio do Torino (Turim)
Árbitro: Não
divulgado
Competição:
Amistoso
Gols:
Garrincha (2), Vinícius e Dino
Botafogo:
Lugano, Thomé e Nílton Santos;
Orlando Maia, Bob (Ruarinho) e Juvenal (Danilo); Garrincha (Neyvaldo),
Paulinho, Dino, Vinícius (Wilson Moreira) e Quarentinha (Hélio). Técnico: Zezé
Moreira.
Combinado
Torino/Juventus: Viola (Lovatti), Molino, Corradi, Bearzot (Sentimenti III),
Ferrari (Garzena) e Moltrasi (Bodi); Boniperti, Montico, Bacci (Macor), Vairo e
Bertoloni. Técnico: Não divulgado.
BOTAFOGO 5x0
FLAMENGO
Data:
29/09/1956
Local:
Maracanã
Árbitro:
Mário Vianna
Competição:
Campeonato Carioca
Gols:
Paulinho Valentim (2), Alarcón (2) e Didi
Botafogo:
Amaury, Orlando Maia, Thomé e Nílton
Santos; Bob e Bauer; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim,
Alarcón e Hélio. Técnico: Geninho.
Flamengo:
Chamorro, Tomires e Pavão; Jadir, Mílton Copolillo e Jordan; Paulinho, Duca,
Índio, Evaristo e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich.
BOTAFOGO 6x2
FLUMINENSE
Data:
22/12/1957
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Público:
89.100
Árbitro:
Alberto da Gama Malcher
Competição:
Campeonato Carioca (Botafogo
campeão)
Gols: Paulinho
Valentim (5) e Garrincha (Botafogo); Escurinho e Waldo (Fluminense)
Botafogo:
Adalberto, Beto, Thomé, Servílio, Pampolini e Nílton
Santos ; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Édison e
Quarentinha. Técnico: João Saldanha
Fluminense:
Castilho, Cacá, Pinheiro, Clóvis, Jair Santana e Altair; Telê, Jair Francisco,
Waldo, Róbson e Escurinho. Técnico: Sylvio Pirillo.
BOTAFOGO 2x0
ÁUSTRIA DE VIENA
Data:
24/01/1960
Local:
Bogotá (Colômbia)
Árbitro: Não
divulgado
Competição:
Quadrangular de Bogotá (Botafogo
campeão)
Gols:
Paulinho Valentim e Zagallo
Botafogo:
Ernâni, Cacá, Zé Maria, Nílton
Santos e Chicão; Pampolini e Édison; Garrincha (Amoroso),
Paulinho Valentim, Amarildo e Zagallo (Bruno). Técnico: Paulo Amaral.
Áustria de
Viena: Gartmer, Swoboda, Stotz, Hiruschrot, Losser, Medveth, Huschek, Fial,
Nemerk, Riggler e Bernsdtsson. Técnico: Não divulgado.
BOTAFOGO 4x0
VASCO
Data:
19/11/1961
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro:
Frederico Lopes
Competição:
Campeonato Carioca
Gols: Didi
(2), Amoroso e Amarildo.
Botafogo:
Manga, Rildo, Zé Maria, Nílton
Santos e Chicão; Ayrton e Didi; Garrincha, Amoroso, Amarildo e
Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Vasco: Ita,
Paulinho, Bellini, Barbosinha e Coronel; Écio e Lorico; Sabará, Saulzinho,
Villadoniga e Pinga. Técnico: Paulo Amaral.
BOTAFOGO 3x0
SANTOS
Data:
03/01/1962
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Público: 102.348 (95.518 pagantes)
Árbitro:
Romualdo Arppi Filho
Competição:
Amistoso
Gols:
Amarildo (2) e China
Botafogo:
Manga, Rildo, Zé Maria, Nílton
Santos e Chicão (Wilton); Ayrton e Didi; Garrincha, Quarentinha
(China), Amarildo (Amoroso) e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Santos:
Laércio, Lima, Mauro (Olavo), Calvet e Dalmo; Zito e Tite; Dorval, Coutinho
(Pagão), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
.
.
BOTAFOGO 2x1
AMÉRICA (MÉX)
Data:
04/02/1962
Local:
Estádio Cidade Universitária (México)
Árbitro Não
divulgado
Competição:
Pentagonal do México (Botafogo
campeão)
Gols:
Zagallo e Amarildo (Botafogo); Pina (América)
Botafogo:
Manga, Cacá, Zé Maria, Nílton
Santos e Rildo; Ayrton e Didi; Garrincha (Iroldo), China
(Édison), Amarildo (Amoroso) e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
América:
Morelos, Bosco, Portugal, Urubatão e Najera; Cuenca e Moacir (Pina); González,
Blanco, Zague e Martell. Técnico: Não divulgado.
BOTAFOGO 4x1
VASCO
Data:
21/02/1962
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro:
Antônio Viug
Competição:
Torneio Rio-São Paulo
Gols:
Amarido (2), Neyvaldo e Zagallo (Botafogo); Da Silva (Vasco)
Botafogo:
Manga, Joel, Zé Maria (Paulistinha), Nílton
Santos e Rildo; Pampolini e Didi; Garrincha, Quarentinha
(China), Amarildo (Neyvaldo) e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Vasco: Ita,
Paulinho, Brito, Barbosinha e Coronel (Dario); Nivaldo (Laerte) e Lorico;
Sabará, Javan, Vevé e Da Silva. Técnico: Paulo Amaral.
BOTAFOGO 3x1
PALMEIRAS
Data:
17/03/1962
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Competição:
Torneio Rio-São Paulo (Botafogo
campeão)
Árbitro:
Romualdo Arppi Filho
Público:
50.325 (46.368 pagantes)
Gols:
Amarildo (2) e Quarentinha (Botafogo); Zequinha (Palmeiras)
Botafogo:
Manga, Joel (Cacá), Zé Maria, Nílton
Santos e Rildo; Ayrton e Didi; Garrincha, Quarentinha (China),
Amarildo e Zagallo (Neyvaldo). Técnico: Marinho Rodrigues.
Palmeiras:
Valdir, Djalma Santos, Valdemar, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho; Gildo
(Zeola), Américo, Vavá e Geraldo José da Silva. Técnico: Maurício Cardoso.
BOTAFOGO 3x0 FLAMENGO
Data:
15/12/1962
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Competição:
Campeonato Carioca (Botafogo
campeão)
Árbitro:
Armando Marques
Público: 158.994 (147.043 pagantes)
Gols:
Garrincha (2) e Vanderlei (c)
Botafogo:
Manga, Paulistinha, Jadir, Nílton
Santos e Rildo; Ayrton e Édison; Garrincha, Quarentinha,
Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Flamengo:
Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos e Nelsinho;
Espanhol, Henrique, Dida e Gérson. Técnico: Flávio Costa.
BOTAFOGO 3x2
RACING DE PARIS (FRA)
Data:
13/06/1963
Local: Parc
des Princes (Paris)
Árbitro: Não
divulgado
Competição:
Torneio de Paris (Botafogo
campeão)
Gols:
Quarentinha, Jair Bala e Amarildo (Botafogo); Milutinovic e Heutte (Racing de
Paris)
Botafogo:
Manga, Paulistinha, Zé Maria, Nílton
Santos e Rildo; Ayrton e Zagallo; Garrincha, Jair Bala,
Amarildo e Quarentinha. Técnico: Danilo Alvim.
Racing de
Paris: Taillandier, Lelong, Bidin e Polrot; Bollini e Mahjub; Heutte, Senac,
Milutinovic, Van Sam e Charpentier. Técnico: Não divulgado.
BOTAFOGO 2x1
BOCA JUNIORS (ARG)
Data:
15/03/1964
Local:
Hernán Siles (La Paz)
Árbitro:
Arturo Ortube
Competição:
Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz (Botafogo campeão)
Gols: Gérson
e Jairzinho (Botafogo); Sanfilippo (Boca Juniors)
Botafogo:
Manga, Joel, Zé Carlos, Nílton
Santos e Rildo; Élton e Gérson; Garrincha, Arlindo, Jairzinho
(Amoroso) e Zagallo. Técnico: Zoulo Rabello.
Boca
Juniors: Roma, Simeone, Magdalena, Orlando e Marzoline; Rattin e Silveira;
Rulli, Ferreyra (Perez), Sanfilippo e González. Técnico: Não divulgado.
BOTAFOGO 5x0
BANGU
Data:
09/05/1964
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro: Guálter
Portela Filho
Competição:
Torneio Rio-São Paulo
Gols:
Jairzinho (2), Gérson, Élton e Garrincha
Botafogo:
Manga, Joel, Zé Carlos, Nílton
Santos e Paulistinha; Élton e Gérson; Garrincha, Arlindo,
Jairzinho e Zagallo (Quarentinha). Técnico: Zoulo Rabello.
Bangu: Aldo,
Fidélis, Mário Tito, Hélcio e Nílton Santos; Ocimar e Roberto Pinto (Romeu);
Paulo Borges, Bianchini, Cabralzinho e Parada (Vermelho). Técnico: Denôni
Pereira Alves.
BOTAFOGO 5x0
LEO VICTOR
Data:
19/06/1964
Local:
Paramaribo
Árbitro:
Freddie Goedhart
Assistentes:
Harry Leenom e Frederik Francis
Gols:
Sicupira (2), Quarentinha (2) e Jairzinho
Competição:
Quadrangular do Suriname (Botafogo
campeão)
Botafogo:
Manga (Florisvaldo), Joel, Paulistinha, Nílton
Santos (Ayrton) e Rildo; Élton e Gérson; Sicupira, Fifi,
Jairzinho e Zagallo (Quarentinha). Técnico: Zoulo Rabello.
Leo Victor:
Schotsborg, Eniglenig, Bosse, Sanches e Strok; Wongswiesan e Griffith (Toto);
Schutte, Bottse, Purperhart e Harryson. Técnico: Não divulgado.
Último jogo
oficial:
BOTAFOGO 1x0
FLAMENGO
Data:
13/12/1964
Local:
Maracanã (Rio de Janeiro)
Competição:
Campeonato Carioca
Gol: Roberto
Botafogo:
Manga, Mura, Zé Carlos, Nílton
Santos e Rildo; Élton e Gérson; Jairzinho, Roberto, Arlindo e
Humberto.
Flamengo:
Marcial, Murilo, Ditão, Joubert e Paulo Henrique; Carlinhos e Nélson: Amauri,
Aírton, Paulo Alves e Oswaldo II.
Último jogo:
BOTAFOGO 1x0
BAHIA
Data:
16/12/1964
Local: Fonte
Nova (Salvador)
Competição:
Amistoso
Gol: Roberto
Botafogo:
Manga, Mura, Zé Carlos, Nílton
Santos e Rildo; Didi (Élton) e Gérson; Jairzinho (Sicupira),
Roberto, Arlindo (Ayrton) e Zagallo (Humberto).
Pesquisas de Pedro Varanda (colaborador do blogue) e
complementos de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)
Voz de Zé Dassilva
“Parecia que a maldição dizia assim ao
Botafogo: sofrerás até o dia em que alguém que tenha algo a ver com o Metropol
venha lhe redimir e livrar da maldição. Só em 89 o Botafogo viria a ser
campeão, e tinha Paulinho Criciúma no ataque, que era sobrinho de Zezinho
Rocha, lateral-direito do Metropol. Aí que veio a isenção dos pecados.” – Zé Dassilva.
Nota do Mundo
Botafogo: A dita ‘maldição’ tem raízes na disputa da Taça Brasil de 1968. Após
o 2º jogo no Maracanã, era necessário marcar um 3º jogo para a decisão. A CBF
não marcou logo a data, como é natural, e o Metropol decidiu regressar a Santa
Catarina. Quando, no dia seguinte, a CBF marcou novo jogo, o Metropol já estava
em ‘casa’ e, na verdade, o time estava falido e sem dinheiro para nova viagem
ao Rio de Janeiro. Porém, iludindo essa realidade, lançaram as culpas para cima
da CBF e do Botafogo, rogando uma praga ao nosso clube como se tivesse alguma
coisa a ver com o assunto. É uma curiosidade para a história do futebol e do nosso
Botafogo.
Mané Garrincha e um pequeno Botafoguense
por João Máximo
Revista Placar, 1999
Há
quase quatro décadas fins de 1961, um jornal do Rio de Janeiro e uma
revendedora de automóveis promoveram concurso para premiar com um Simca
Chambord o mais querido jogador do futebol carioca. Vencedor: Garrincha. Há
quem jure que não apenas os botafoguenses votaram nele, mas também
rubro-negros, vascaínos, tricolores e toda sorte de inimigos.
Todo
mês, 1.200 cartas chegam à redação de PLACAR. Nelas, os leitores falam de tudo
e de todos. Invariavelmente, os mais jovens querem conhecer a vida de um grande
jogador. Pedem Pelé, sim. Mas pedem muito mais outro nome: Garrincha. Pode
haver certo mistério nessa escolha, mas não surpresa. Mistério porque o ídolo,
todo ídolo, já é em si um ser misterioso. Não há quem explique, dentro dos
limites da lógica, por que ele e não outro. Nem há quem aponte pelo menos um
dos encantos que o fazem mais admirado, amado, endeusado, cultuado e idolatrado
que os demais. A qualidade do seu futebol ou a força do seu carisma não servem
como resposta.
Garrincha
sempre foi um mistério. Como craque e como ídolo. Não surpreende que jovens que
não o viram jogar, a não ser pelas poucas imagens filmadas que restam dele, o
elejam. Porque os dribles de Garrincha, seu passar por cima da bola, sua
corrida até a linha de fundo, seus cruzamentos para vavás e amarildos marcarem
seus gols, tudo isso tem pouco a ver com a perenidade do ídolo Garrincha, amado
hoje como há quatro décadas.
O
craque Garrincha foi um pouco como o Brasil: analfabeto, caipira, pés
descalços, mais esperto que inteligente, intuitivo, pouco saudável. O que se
podia esperar de um macunaíma de chuteiras? Nada. Com aquelas pernas tortas
(arqueadas para o mesmo lado, numa aberração anatômica que levou um ortopedista
a classificá-lo como ¿aleijado¿), nem devia poder equilibrar o próprio corpo,
quanto mais jogar futebol.
Como
o Brasil, Garrincha existia, apesar de tudo. Por menos que se esperasse dele.
Nós,
os de 20 anos daqueles tempos, tínhamos de início certo preconceito contra o
jogador. Depois de sofrermos a perda de duas Copas do Mundo (1950 e 1954),
queríamos para a próxima uma Seleção culta e inteligente como as européias, com
uma disciplina tática como as européias, com jogadores atleticamente saudáveis
como os europeus. Vivíamos obsessivamente essa fantasia aqui implantada pelos
jornais estrangeiros que, tendo testemunhado o giro europeu da Seleção
Brasileira em 1956, traçaram dela um perfil, no mínimo, caricato. Segundo eles,
nossos jogadores eram verdadeiros selvagens, emocionalmente imaturos,
maleducados, indisciplinados. Uns alimentavam-se de peixe cru. Outros andavam
pelos corredores de hotéis de luxo com toalha amarrada na cintura, sempre
prontos a atacar a primeira camareira que aparecesse.
Foi
muito com base na imprensa européia que o alto comando da CBD (hoje CBF)
elaborou um relatório recomendando que o treinador de 1958 evitasse convocar
jogadores psicologicamente despreparados, de baixo QI, de formação meio sobre o
primitivo. E mais: que desse preferência aos arianos.
Moleque de rua
Garrincha
era tudo aquilo que o relatório condenava. Aqui, permito-me um depoimento
pessoal. A dois meses de viajarem para a Copa de 1958, os convocados por
Vicente Feola foram à Faculdade Nacional de Odontologia, na Praia Vermelha,
Zona Sul do Rio, para serem examinados pelos quartanistas (o doutor Trigo era o
dentista da delegação, mas exames e tratamentos foram feitos por estudantes
quartanistas e recém-formados, sob o comando do catedrático de Clínica
Odontológica). Ao ver Garrincha chegar, barba por fazer, chinelos, jeans puído
nos joelhos, camisa aberta no peito, brincando com os outros jogadores com a
infantilidade e a inconveniência de um moleque de rua, um dos recém-formados,
apaixonado por futebol, perguntou a um quartanista, não menos apaixonado:
–
“Acha que com um cara assim a gente pode ser campeão do mundo?”
Resposta
do quartanista:
–
“Nunca!”
Custamos
muito a descobrir Garrincha, o craque Garrincha, o ídolo Garrincha, o Brasil em
Garrincha. Os torcedores do Botafogo, por motivos óbvios, já o conheciam.
Estava no clube de General Severiano desde 1953, quando o estranho apelido de
infância ganhou versões mais exóticas ainda, como Garrinha e Gualicho. Nós, que
nem sabíamos do relatório, no fundo acreditávamos que Copa do Mundo não se
ganhava com macunaímas, mas com modelos de estátua olímpica. Como Bellini. Ou
alguém tem dúvida de que foi menos pelo futebol do que pelo tipo apolíneo que
escolheram Bellini para nosso capitão na Suécia? Quanto a Garrincha, depois de
1958 ficou sendo a nossa primeira unanimidade nacional. Como dizem, antes
tarde...
De
certa maneira, em dezenove anos de carreira, Garrincha nos ensinou a ver o
futebol por um ângulo menos científico e mais poético. Relatórios tiveram de
ser rasgados por sua causa. E nós, os jovens daqueles tempos, fomos forçados a
rever os nossos conceitos, as nossas verdades sobre futebol. Mais que tudo,
aprendemos que táticas ferozes, sistemas de jogo apoiados em equações
complicadas, QIs de Einstein, culturas enciclopédicas, saúdes de ferro, tudo
isso pode valer menos que um drible. Com toques desconcertantes, ele foi três
vezes campeão carioca (1957, 1961 e 1962, pelo Botafogo) e voltou da Suécia
(1958) e do Chile (1962) como campeão mundial.
Craques sem mistério
A
história de Garrincha, o craque e o ídolo, é bastante conhecida: o menino
mirrado que nasceu em Pau Grande, distrito de Magé (RJ) e deixou a cidade para
brilhar no Botafogo, na Seleção, no mundo, e que, no meio do caminho, foi
conquistando mulheres em toda parte, produzindo filhos aqui e na Suécia, sempre
com seu jeito de passarinho ingênuo, puro, sonso e bom. Um menino que nunca
cresceu de todo e que, por isso, todos mimavam. É um Garrincha alegre esse e
não por acaso cognominado de ¿a alegria do povo¿.
O
Garrincha dos dribles infernais, sempre pela direita, conhecido, manjado,
previsível, mas inevitável, e que, ao derrubar marcadores genericamente
chamados de ¿joão¿, levava os estádios a uma gargalhada só. As arquibancadas
eram mais felizes diante dele, o Garrincha meio Chaplin, meio Mazaropi, entre o
gênio e o matuto, impossível de acontecer (como o país onde nascera) e que
ainda assim acontecia. E como.
Deve
ser este Garrincha que ainda hoje é tão popular. Um Garrincha que muitos não
viram, mas sobre o qual ouviram histórias, anedotas, lendas. Parece já não
haver no futebol lugar para personagens carregados de tão sublimes mistérios. Naqueles
tempos, o que não sabíamos de Garrincha, imaginávamos. E a imaginação é mil
vezes mais sedutora que a realidade. Os craques de agora já não têm a mesma
magia.
Sabemos
tudo deles: onde moram, como são, sua família, seus hábitos, suas namoradas,
seus qüiproquós, seus pecados. Se um jogador se orgulha muito mais do relógio
de ouro que ostenta no pulso do que da camisa da Seleção, ficamos sabendo pelo
próprio, ao vivo e em cores. São seres sem segredos os craques de hoje e, como
tal, sem encanto. O torcedor precisa do mistério para amar o ídolo. Talvez por
isso tenham votado no Garrincha que imaginam.
Já
Garrincha, o homem, esse sempre foi um mistério do qual nunca quisemos nos
aproximar. Acredito que nós da chamada imprensa esportiva sempre optamos pelo
lema ¿imprima-se a lenda¿ quando se tratava de escrever sobre os nossos
craques. Quando chegou ao Corinthians, em 1966, com 33 anos, Garrincha já vivia
os problemas da longa convivência com a bebida. Seria assim também no Flamengo,
em 1969, e no pequeno Olaria-RJ, onde ficou entre 1971 e 1972. Seguiu-se a
melancólica seqüência de clubes de aluguel que o velho ponta defendia por uns
trocados: Juventus, do Acre; CEUB, de Brasília, Milionários, da Colômbia;
Souza, da Paraíba. Ainda assim, a imprensa preferia falar do mito sempre
folclórico, mas cada vez mais irreal. Com isso, camuflamos Garrincha, o homem.
O ídolo destruído
Nunca
quisemos ver que, enquanto o craque driblava em campo, o homem se destruía fora
dele; enquanto o jogador nos conquistava com sua doce irresponsabilidade,
essência final da sua arte, o menino se consumia ao longo de uma vida tão torta
quanto suas pernas. Foram contusões e ressacas mal curadas, cartolas e amigos
mal-intencionados, negócios e casamentos malfeitos. Este, o homem, morto em 20
de janeiro de 1983, nem a biografia impiedosamente verdadeira de Ruy Castro
conseguiu sobrepor-se ao craque. Não aos olhos do torcedor de quem, para todo o
sempre, Garrincha é ídolo.
Quanto
a mim, vivo em eterna penitência por este fascinante Brasil chamado Garrincha.
Por ser parte da imprensa esportiva que, transformando-o em lenda, esqueceu-se
do homem. E por aquele imperdoável ''nunca!'' de quarenta anos atrás.
Nota do Mundo Botafogo:
Embora publique integralmente o texto por respeito ao autor, João Máximo, o
editor deste blogue não concorda com a visão biográfica publicada por Ruy
Castro. A biografia realça o alcoolismo de Garrincha e não a bola. Uma
biografia de um futebolista famoso como Garrincha tem necessariamente como tema
central a bola, e como rodapé o álcool. Ruy Castro faz o inverso. Ruy Castro é
um indefectível flamenguista que na década de 1960 sofreu na pele os bailes que
Garrincha deu ao seu clube.
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Botafogo campeão carioca de futsal feminino sub-17
Créditos: BFR / @guerragui_ (foto); BFR / @ely-gfx (arte) Por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou o Campeonato ...

-
Recomendações de André http://www.botafogonews.com AREIA BRANCA / RIO GRANDE DO NORTE ASSOCIAÇÃO RECREATIVA TORCIDA ORGANIZADA B...
-
por RUY MOURA Editor do Mundo Botafogo 1992: CAMPEONATO BRASILEIRO 26/01/1992. BOTAFOGO 3-1 ATLÉTICO PARANAENSE (PR). Niterói. 01/02/1992. B...
-
por RUY MOURA Editor do Mundo Botafogo O Manneken Pis de Bruxelas significa, em língua popular local, "o garoto que urina." A his...