quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um dia de 1940...


10 de julho de 1940. Botafogo x São Paulo, pelo Torneio Inter-Clubes Rio-São Paulo, que acabou sendo suspenso e não concluído. Goleada histórica de 8x1 sobre os paulistas.

‘O Globo’ descreveu assim a memorável goleada:

“Encontrando um adversário descontrolado, o Botafogo não teve dificuldade em se impôr, dominando largamente a peleja. Acreditamos, aliás, que os alvi-negros ontem, mesmo com adversário mais resistente, conseguiriam vencer. Isto porque o entendimento entre suas linhas foi perfeito. Apenas Brandão, ao arco, revelou insegurança. Araraquara firme na zaga, bem auxiliado por G. Bell e Bibi. Canali avultou entre os médios, cumprindo os dois Zezé boas performances. E no ataque Paschoal e Patesko estiveram em grande forma.”

O Botafogo alinhou com Brandão, G. Bell (Bibi) e Araraquara; Procópio, Zezé (Martin) e Canali; Tadique, Carvalho Leite (Nelson), Paschoal, Cesar e Patesko. Os gols foram assinalados por Paschoal (3), Patesko (2), Tadique, Carvalho Leite e Nelson.

Dias depois, a veia goleadora de Paschoal fez-se sentir novamente, desta vez a 21 de Julho pela abertura do campeonato carioca de futebol. Vasco da Gama x Botafogo, no Estádio de São Januário.

O Vasco da Gama inicia o jogo enfiando três bolas sucessivas na baliza botafoguense: 3x0! E a vitória cruzmaltina parecia delinear uma goleada histórica.

Porém… o jogo terminou com o resultado de Vasco da Gama 3x4 Botafogo.

Veja-se um extrato de um jornal de Curitiba:

“O interessante na luta de domingo foi a origem da construção do placard botafoguense.

O primeiro goal alvinegro, resultou de um passe cruzado de Patesco para Pascoal. Um passe de colher, como se diz. Logo em seguida, é Tadique que apanha uma bola e a entrega para Pascoal aumentar a contagem. É Tadique ainda que prepara o goal do empate, com um centro de meia altura, que Pascoal encaixa de cabeça.

Poucos momentos depois, é assinalado um corner contra o Vasco e Tadique bate. A bola é defendida pelos cruzmaltinos e volta aos pés de Tadique. Este suspende a bola, o suficiente para que Pascoal a apanhasse, assinalando o goal da vitória.”

O ‘Sport Ilustrado’ escreveu o seguinte sobre a virada, os quatro gols de Pascoal e as exibições brilhantes de Patesko e Tadique:

“Na dianteira Paschoal foi a máquina de produzir goals, enquanto os extremas Patesko e Tadique foram os verdadeiros artífices do triunfo botafoguense, principalmente quando sentiram fracassar os médios do Vasco. Dos meias, é curioso ressaltar que Zarcy, improvisado substituto de C. Leite, foi o melhor, não só pela sua mobilidade, coragem e excelente serviço de marcação sôbre Gonzalez. Pode-se dizer, em resumo, que a vitória do Botafogo valeu pelo esforço dos seus homens; não houve estratégia, nem tão pouco coube ao técnico de fóra colaborar para a marcha do placard. Foram exclusivamente os jogadores alvi-negros que foram buscar aqueles quatro tentos definitivos e arrazadores para o Vasco da Gama.”

O Botafogo alinhou com Aymoré, G. Bell e Araraquara; Procópico, Zezé e Canali; Tadique, Carvalho Leite (Zarcy), Paschoal, César e Patesko. Paschoal fez os quatro gols da virada.

Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo); Fontes: Alceu Mendes de Oliveira Castro (1951): O Futebol no Botafogo (1904-1950), Gráfica Milone; Diário de Curitiba (1940.07.24); O Globo (1940.07.11); Sport Ilustrado (1940.07.22).

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