Poucas vezes uma torcida foi tão criticada – e vilanizada – de forma tão
absurda e injusta como a torcida do Botafogo vem sendo. O massacre dos
achocratas foi tamanho que os torcedores partiram para a ironia em fórums e
redes sociais. Depois da derrota para o Inter, no último domingo, um site
torcedor publicou a manchete: “Torcida joga mal e Botafogo perde para o Inter”.
Dez mil alvinegros foram ver o Botafogo empatar contra a Portuguesa no
Maracanã – e ver, pela quarta vez em cinco anos, o “projeto” Libertadores do
time bastante ameaçado. Levando em conta que a torcida do Botafogo é ao menos
quatro vezes menor do que do Flamengo no Rio, por exemplo, a aritmética sugere
que esses 10 mil equivaleriam a 40 mil rubro-negros – média de público do time
campeão brasileiro em 2009. Seria tão pouco assim?
Essa “verdade” não virou universal de graça. Ela começou com a chegada do
Engenhão – um estádio ruim de entrar e sair – em que a média de todas as
torcidas despencou. Mas como o estádio é do Botafogo – a pecha grudou no clube
– apesar da torcida ter lotado o estádio várias vezes desde 2007. Isso com com
três esparsos títulos estaduais no milênio. Com a premissa na mesa, os achocratas
se esbaldam. Qualquer jogo que a torcida não encha vira um prato cheio.
Parte da lenda foi comprada em parte até por Seedorf e pelo presidente do
clube (que disse que iria buscar uma agência de publicidade para entender seu
torcedor). O craque holandês criticou a presença das torcidas nos estádios
brasileiros em geral – mas comentou que a torcida do Cruzeiro fez diferença no
Brasileiro – numa alfinetada leve nos alvinegros.
Nesse particular caso, Seedorf não viu uma data. Na 17a
rodada, o Botafogo, que vinha de uma derrota para o Atlético-PR, recebeu o São
Paulo no Maracanã. O alvinegro estava dois pontos atrás do líder Cruzeiro na
tabela (31 a 29) – e ainda assim teve público de 28.581 pessoas (o jogo foi às
16h). O Cruzeiro, no mesmo dia, vindo de vitória fora de casa contra a Ponte
Preta, teve um público de 18.608 pessoas no Mineirão (o jogo foi às 18h30m).O
Botafogo empatou com o São Paulo (0 a 0). O Cruzeiro venceu o Vasco (5 a 3) e
abriu quatro pontos.
A partir daí, o time mineiro arrancou para o título – e passou a ter média
de público acima de 30 mil pessoas (no campeonato ficou com média de 28,5 mil –
a maior de um campeão até hoje). E o Botafogo tentou acompanhar – mas depois
perdeu para o futuro campeão – e ainda assim ainda levou 25 mil pessoas na
derrota para o Bahia. A média do clube no Maracanã em 2013 está acima de 15 mil
presentes.
É pouco? Bom – você ouviu alguém criticar a torcida do Fluminense em 2012?
Os tricolores fizeram 13 jogos no Engenhão – e só tiveram três públicos acima
de 20 mil presentes. No primeiro turno, só ficou acima de 10 mil presentes duas
vezes (contra o Santos e no clássico contra o Flamengo). A média do clube no
estádio ficou em 15,3 mil presentes. Você ouviu algum opinoteca achando algo sobre
isso? Não? É porque a torcida tricolor se livrou dessa pecha.
O achocrata se alimenta de repercussão e tem certa alergia à informação.
Ele não quer ter trabalho, levantar números, checar, comprovar, avaliar. É mais
fácil pegar algo que “vai dar assunto”, lustrar, passar um verniz e lançar no
ar – como se propagando um minuto de sabedoria. O importante é aparecer e ecoar
– mesmo que seja falando uma asneira siderúrgica. Se agradar um grupinho, soar
bacana e receber retweets e compartilhamentos… – oba, valeu.
(P.S. O twitter, aliás, produziu uma preciosa
excrescência: o a tercerização do auto-elogio. O sujeito te elogia e você
retuita isso. Muita humildade)
Na melhor fase do time, no início do campeonato, o Botafogo quase não atuou
no Maracanã. Ou seja – entrou no estádio depois que perdeu boa parte do time –
em especial Vitinho (que fez apenas duas partidas no estádio pelo certame) – e
começou a despencar na tabela. No segundo turno, o clube fez 18 pontos em 15
jogos – campanha de time rebaixável. Em suma, pela quarta vez em cinco
anos o time prometeu mais do que cumpriu num Brasileiro – fazendo uma campanha
que começou boa e caiu na reta final. E a culpa, segundo os
deformadores de opinião, é da torcida. Quando a torcida pôs 28 mil contra
18 mil do Cruzeiro, os achocratas não viram – porque isso e desmente o clichê e
vai contra a maré.
Vai contra a maré, por exemplo, analisar o impacto do preço dos ingressos.
O ticket médio pago pelo torcedor do Botafogo foi de R$ 44,15 – o quarto maior
do Brasileiro – abaixo apenas de Cruzeiro (que aumentou preços na reta final),
Santos e Flamengo. E o Santos e Flamengo tem médias distorcidas pelo alto preço
dos ingressos cobrados quando jogaram como mandantes em Brasília. Compare-se
com o São Paulo – que encheu o Morumbi na base das promoções – e só ganha em
ticket médio da Ponte Preta (13,54 contra 8,71).
Ou seja – em alguns momentos – talvez compreensivelmente – a diretoria do
Botafogo optou por receita. Será que ela estava errada? Vejam o exemplo:
a renda do Botafogo 0 x 0 São Paulo ali em cima mencionado (na 17a
rodada) – com 23 mil pagantes – foi de R$ 1 milhão. O Botafogo levou para
casa R$ 490 mil. O ingresso custava R$ 60 (ou R$ 30 para meia-entrada) e teve 5
mil gratuidades. A renda de Vasco 0 x 0 Santos da 32a rodada (com 50
mil pagantes) foi de R$ 767 mil. O Vasco levou para casa R$ 76 mil. O jogo teve
11 mil gratuidades. Você não leu errado:
- O Vasco com 50 mil pagantes embolsou R$ 76 mil.
- O Botafogo com 23 mil pagantes embolsou R$ 490 mil.
Com o segundo turno tétrico, a diretoria alvinegra enfim baixou a guarda e
reduziu os ingressos para os jogos contra Portuguesa e Atlético-PR.
Fonte: Blog Coluna Dois - Globoesporte.com
2 comentários:
Rui,
Essa mensagem comprova como querem e pretendem exterminar o Botafogo!
Pior é que temos inúmeros torcedores que acreditam na imprensa e fazem o jogo dela!
Os Grandes Líderes Mundias, os Vencedores, os Profissionais de Destaques no Mundo, afirmam que aprenderam com os seus fracassos. Afirmam que os fracassos não foram poucos e só depois deles é que conseguiram as suas vitórias e destaques.
Dito isso; espero e torço como um louco para que os HOMENS que tem o poder do voto em GENERAL SEVERIANO, EXTERMINEM com essa CORJA que faz de tudo para acabar com o BOTAFOGO.
CONSELHEIROS, SÓCIOS PROPRIETÁRIOS, BENEMÉRITOS, GRANDES BENEMÉRITOS, não fujam, não se omitam das suas responsabilidades.
POR FAVOR pensem nos heróis que construíram o nosso AMADO BOTAFOGO!
Que 2015 seja um ano REDENTOR!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Confesso que me falta o ânimo, Gil, perante essa corja comandada por Maurício Assumpção, Chico Fonseca e Oswaldo Oliveira.
E como quem manda no Botafogo é C. A. Montenegro, o mais certo é que uma corja ainda maior surja em 2015.
Estão atingindo um objetivo que nem os nossos inimigos conseguiram: acabar de vez com o Botafogo.
Abraços Gloriosos!
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